Argentina e Brasil são parte da solução para a transição energética, diz chanceler de Milei

Na Fiesp, Diana Mondino afirma que os dois países podem atuar juntos também em segurança alimentar

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Fernanda Brigatti Lara Barsi
São Paulo

A Argentina, o Brasil e os países do Mercosul como um todo poderão ser a solução para alguns dos principais problemas mundiais atuais, como transição energética e segurança alimentar, disse nesta terça-feira (16) a chanceler argentina Diana Mondino em São Paulo.

Na sede da Fiesp (Federação das Indústrias de SP), a ministra de Relações Exteriores do governo Javier Milei voltou a defender a manutenção do Mercosul, como havia feito em entrevista à Folha. Ela chegou ao país no domingo (14) para a primeira visita bilateral sob nova gestão argentina.

Segundo a chanceler, não há qualquer intenção de romper com o bloco, que foi alvo de críticas de Milei durante a campanha, mas é necessário mudar o nível de relacionamento entre os países.

"O Mercosul tem 32 anos e nunca mudou, mas o mundo mudou. As empresas mudaram, e o acordo, não. É essencial que tenhamos outros elementos, como o trânsito de bens e de pessoas entre os países. Hoje não temos tratamento especial entre os países", disse. "Tudo isso precisa mudar."

Mondino também afirmou que a Argentina agora tomou um novo rumo, apoiado principalmente no que considera ser a capacidade do país de ser a solução para problemas mundiais. "Junto com o Brasil, porque temos a mesma situação."

A chanceler Diana Mondino este na Fiesp em reunião e almoço nesta terça (16)
A chanceler Diana Mondino esteve na Fiesp em reunião e almoço nesta terça (16) - Ayrton Vignola/Divulgação/Fiesp

Segundo a chanceler, os países podem ampliar a capacidade de retenção de carbono, além da produção de energia de matriz limpa. Na frente de segurança alimentar, a produção de proteínas animais colocaria Brasil e Argentina em um outro patamar no comércio mundial.

"Temos um capacidade absolutamente extraordinária na produção de proteínas, que, se tivessem menos restrições do lado de nossos compradores, poderíamos alimentar praticamente o mundo todo."

Em um aceno aos industriais presentes –estavam no encontro presidentes de sindicatos da indústria e integrantes do conselho da Fiesp–, Mondino defendeu ainda que os países trabalhem com a indústria de tecnologia.

"Temas que têm sido trabalhados aqui, falamos de indústria, mas de indústria 4.0", disse. "Temos condições de dar um salto tecnológico." Segundo a chanceler, há possibilidade de apoio mútuo em áreas como turismo, mineração e florestas.

Diana Mondino não falou com jornalistas ao fim do evento na Fiesp, onde almoçou com empresários e industriais. Na véspera, a chanceler esteve com o vice-presidente Geraldo Alckmin, que é ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

A ministra de Relações Exteriores da Argentina respondeu a algumas perguntas de empresários que participaram do encontro e disse que a intenção do governo Milei é desburocratizar a relação entre os dois países em diversas frentes, entre elas o comércio de açúcar e fertilizantes.

"Não posso mudar o passado, mas posso trabalhar para que ele não volte a se repetir", disse a chanceler.

Também no encontro, Daniel Funes de Rioja, presidente da UIA (União Industrial Argentina), afirmou estar convencido de que as indústrias dos dois países têm um caminho comum a ser percorrido.

O presidente da Fiesp, Josué Gomes, disse "não ter dúvidas" de que a Argentina vive um momento especial e que já existem mudanças perceptíveis. "O sucesso da Argentina significa também o sucesso do Brasil."

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