Conselho da Petrobras não discutirá dividendos nesta sexta (19), diz Prates

Governo, porém, pode levar proposta diretamente à assembleia de acionistas, se quiser rever retenção

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Rio de Janeiro

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou nesta quinta-feira (18) que a proposta de distribuição de dividendos extraordinários da diretoria da empresa está respaldada pelos números, mas que a decisão final sobre o valor distribuído será tomada pelo governo.

O tema, porém, não está na pauta da próxima reunião do conselho de administração da companhia, agendada para esta sexta-feira (19). De todo modo, pode ser levado pelo governo diretamente à assembleia de acionistas no dia 25 de abril.

Homem de barba e cabelos brancos curtos, rosto redondo, ergue o polegar da mão direita
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, na sede da empresa, no Rio - Mauro Pimentel - 9.nov.2023/AFP

A diretoria da Petrobras sugeriu a distribuição de 50% dos R$ 43 bilhões de lucro adicional que a companhia teve em 2024 sob a forma de dividendos extraordinários, mas a proposta foi rejeitada por conselheiros representantes do governo.

A retenção do valor deu início a um processo de fritura de Prates, que se intensificou no início do mês, mas perdeu força nos últimos dias, garantindo a sobrevida do executivo no comando da estatal.

Na semana passada, os ministérios da Casa Civil e de Minas e Energia recuaram e passaram a apoiar a distribuição de parte do valor, que é defendida pelo ministério da Fazenda.

A diretoria da Petrobras já tomou uma decisão e a proposta está respaldada", afirmou Prates. "Agora o governo vai orientar o conselho [sobre eventual mudança de posicionamento]".

O conselho de administração da Petrobras se reúne no próximo dia 19, mas o assunto não está na pauta. O governo pode levar uma nova proposta de dividendos diretamente a assembleia de acionistas, que é responsável por definir a destinação dos lucros.

O presidente da Petrobras evitou comentar notícias sobre sua demissão, dizendo que não fala sobre especulações.

Prates participou do lançamento do Mapa de Estaleiros do Brasil, organizado pelo IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás). O mapa traz um raio-x da indústria naval brasileira, que passou por profunda crise nos últimos anos.

Em seu discurso, ele defendeu a contratação de embarcações no país, a retomada de obras paralisadas após a Operação Lava Jato e a reabertura de unidades de fertilizantes da estatal fechadas no governo Jair Bolsonaro.

A retomada das obras nos estaleiros é uma promessa de campanha do presidente Lula e a demora nas contratações tem sido um dos focos de crítica de aliados do governo sobre Prates.

"Infelizmente, o país viveu um debate extremamente polarizado sobre isso [contratações em estaleiros locais]. E isso é péssimo, porque nenhum dos dois lados tem 100% de razão", disse.

Ele afirmou que não só o Brasil, mas outros países fomentam políticas para ter "uma indústria naval forte, que empregue pessoas no seu território, de forma legítima, sem nenhum sentimento de culpa".

Prates apresentou a demanda da Petrobras para o setor, que inclui módulos de plataformas de produção de petróleo, desmantelamento de plataformas antigas e a construção de navios e embarcações de apoio à produção.

A companhia já lançou licitação para 12 barcos de apoio e planeja licitar mais 10 ainda este ano. Outros 11 serão necessários até 2030. Ao todo, são previstos investimentos de US$ 2,5 bilhões, com a geração de 28 mil empregos.

Espera lançar ainda em 2024 licitação para quatro navios para o transporte de combustíveis. Para 2025, estão previstas licitações para mais quatro e outros oitos navios de gás de cozinha.

O presidente da Petrobras defendeu as contratações no país, mas disse que é preciso um plano de governo para incentivar a competitividade da indústria nacional.

"Precisamos nos juntar a um programa trilateral com governo, instituições financeiras e FMM [Fundo de Marinha Mercante] para que todos participem do processo de financiamento", afirmou.

Prates defendeu também a retomada de obras de refino paralisadas pela Lava Jato, como a Refinaria Abreu e Lima e o antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).

"Temos que terminar, vamos retomar uma por uma. Vai virar o que? Elefante branco, com 80% concluído, como essa planta de fertilizantes do Mato Grosso do Sul? Se for viável, faremos."

Nesta quinta, a Petrobras anunciou a retomada das operações da fábrica de fertilizantes do Paraná, que foram suspensas no governo Jair Bolsonaro (PL). A estatal estuda ainda reabrir as fábricas de fertilizantes da região Nordeste.

"Vamos dar solução viável, lucrativa para cada uma [das obras paralisadas]. Honestamente, corretamente, sem picaretagem."

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