Fabricante bicentenária de porcelana do Japão vira aposta para resfriar data centers de IA

Ações da Maruwa quase dobraram no último ano e saltaram para uma alta recorde desde o início de abril

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Leo Lewis
Tóquio (Japão)

Uma empresa japonesa com mais de dois séculos de história em arte cerâmica e porcelana fina está se beneficiando do aumento de IA (inteligência artificial) generativa, veículos elétricos e da intensificação da guerra tecnológica contra o calor.

As ações da Maruwa, líder global em uma variedade de cerâmicas especializadas, quase dobraram no último ano e saltaram para uma alta recorde desde o início de abril.

A empresa sediada em Aichi, praticamente ignorada por analistas de valores mobiliários anteriormente, agora tem uma capitalização de mercado de US$ 2,75 bilhões e se tornou o foco de um extenso relatório do Goldman Sachs, enquanto outras instituições também dizem que estão se preparando para analisá-la.

Porcelanas da Maruwa, tradicional fabricante japonesa que agora é aposta para resfriar data centers de IA
Porcelanas da Maruwa, tradicional fabricante japonesa que agora é aposta para resfriar data centers de IA - Reprodução/Maruwa

A empolgação deles é sobre como a Maruwa transferiu com sucesso sua arte secular para componentes cerâmicos mais recentes, usados para alta tecnologia. A empresa, antes famosa por pratos requintados usados em banquetes tradicionais japoneses, entrou nessa seara no início da era do "milagre econômico" do Japão na década de 1960.

A divisão produz cerâmicas para placas de circuito e semicondutores e tem especialidade em materiais usados para dissipação de calor em eletrônicos, operando em temperaturas muito altas —o tipo de temperatura predominante em servidores de IA e nos módulos de potência de veículos elétricos.

Os produtos mais demandados atualmente são placas de circuito em cerâmica, usadas em comunicações ópticas de alta velocidade, à medida que gigantes da tecnologia constroem data centers cada vez maiores (e de alta capacidade de geração de calor) como a espinha dorsal de projetos de IA generativa.

"Esperamos que as comunicações de alta velocidade da próxima geração, incluindo aquelas relacionadas à IA generativa, sejam o maior impulsionador do crescimento de nossos negócios nos próximos anos", disse a Maruwa.

O analista do Goldman Sachs, Mitsuhiro Icho, calcula que a empresa detém 60% do mercado global de substratos de dissipação de calor para transceptores ópticos vitais. Ele prevê que esse mercado crescerá para US$ 12,3 bilhões até 2027, à medida que a demanda relacionada à IA aumenta.

Icho afirma que a Maruwa está isolada de concorrentes, pois é "quase impossível" para qualquer fornecedor não cerâmico entrar no mercado neste estágio, construindo um negócio do zero. Sua longa história em cerâmica criou fossos competitivos profundos em torno dos materiais e dos processos de fabricação. Sua vantagem fundamental, disse Icho, é a idade.

"Como ela tem mais de 200 anos de história como fornecedora de cerâmica, todo o conhecimento e tecnologia acumulados desde o início de 1800 são a competência central da empresa", disse ele.

A Maruwa tem sido cautelosa em suas previsões de vendas, apenas elevando-as ligeiramente em fevereiro para seu ano financeiro que terminou em março. No entanto, Icho acredita que as vendas relacionadas a servidores de IA de transceptores poderiam ter uma taxa de crescimento anual composta de 60% nos próximos cinco anos.

No entanto, a perspectiva agora parece estar totalmente refletida em ações, de acordo com alguns analistas.

Em uma nota publicada na semana passada pela empresa de pesquisa britânica Storm Research, os analistas argumentaram que o significativo aumento recente no preço das ações da Maruwa significava que suas perspectivas de crescimento agora haviam sido amplamente precificadas pelo mercado.

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