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BC melhora projeção de alta do PIB para 2,3% e vê inflação caindo menos que o esperado

Órgão diz que Rio Grande do Sul já apresenta sinais de recuperação, mas que ainda haverá impacto no PIB

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Brasília | Reuters

O Banco Central melhorou sua projeção de crescimento econômico em 2024 para 2,3%. A previsão está no Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira (27), que também apontou um recuo menor que o esperado da inflação nos últimos meses.

No relatório anterior, divulgado em março, a previsão do PIB (Produto Interno Bruto) era de 1,9%. A autoridade monetária afirmou que a atividade econômica mostrou ritmo forte, superior ao estimado anteriormente, e o mercado de trabalho se aqueceu mais.

Presidente do Banco Central, Roberto Campos, participa de evento em São Paulo
Presidente do Banco Central, Roberto Campos, participa de evento em São Paulo - Pedro Ladeira/Folhapress

O cálculo levou em conta surpresas positivas no PIB do primeiro trimestre, mas também indicações de desaceleração no segundo trimestre com impacto das enchentes no Rio Grande do Sul.

No entanto, apesar de avaliar que as chuvas causaram expressiva queda na atividade econômica gaúcha, "já há sinais de recuperação".

"Espera-se que os esforços para a reconstrução do RS contribuam positivamente para o crescimento do PIB no segundo semestre, somando-se ao impacto defasado da redução do grau de aperto monetário ocorrido ao longo do último ano", disse a autarquia no documento.

A projeção do BC para a atividade ficou mais próxima da visão do Ministério da Fazenda, que prevê expansão de 2,5% para o PIB este ano, apesar de observar incertezas relacionadas aos efeitos das chuvas no Rio Grande do Sul. O mercado, segundo o boletim Focus mais recente, está menos otimista e estima que a economia crescerá 2,09% em 2024.

INFLAÇÃO MAIS ALTA

No relatório, o Banco Central afirmou que a inflação recuou nos últimos três meses, mas em ritmo menor que o projetado em seu cenário de referência, com uma surpresa de 0,14 ponto percentual para cima, principalmente pela alta de alimentos.

O BC destacou que a desancoragem das expectativas de inflação aumentou, apontando também elevação em suas próprias projeções para a evolução dos preços.

"Para o horizonte relevante, o aumento resultou principalmente da atividade econômica mais forte que o esperado, que levou a uma elevação no hiato do produto estimado", disse.

Também contribuíram para a alta das projeções, entre outros pontos, o aumento das expectativas de inflação, a depreciação cambial e a utilização de taxa de juros neutra maior.

"Por outro lado, o aumento da taxa de juros real foi fundamental para evitar um aumento mais significativo na projeção", afirmou.

Na reunião deste mês, o Copom (Comitê de Política Monetária) piorou suas próprias projeções para o comportamento dos preços, informando que a estimativa para a inflação de 2024 foi de 3,8%, no encontro de maio, para 4,0%, com a previsão de 2025 indo de 3,3% para 3,4% em seu cenário de referência.

Pelos cálculos do BC apresentados nesta quinta, a probabilidade de a inflação ultrapassar o limite de tolerância da meta em 2024 aumentou de 19% para 28%. Em 2025, atual foco da política monetária, a chance aumentou de 17% para 21%.

Em relação à condução dos juros básicos, o BC reiterou mensagem da ata do Copom de que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

RECUPERAÇÃO NO RS

No relatório, o Banco Central também avalia o impacto das enchentes registradas no final de abril no Rio Grande do Sul e aponta que houve queda de 8,6% no número de empresas de comércio do estado que receberam algum pagamento por meio de cartão de débito ou Pix, com recuo menos intenso ao longo de maio e início de junho.

"Nota-se, porém, que na última semana analisada (5 a 11 de junho) a quantidade de empresas que receberam algum pagamento via cartão de débito ou Pix superou a observada no período base, sugerindo retomada relativamente rápida das vendas na maioria dos setores", afirmou.

O desempenho das vendas mostra também que após priorização de bens básicos em maio, já é possível verificar altas expressivas nos volumes recebidos pelos setores de móveis, eletrodomésticos e material de construção, "indicando que as famílias estão direcionando recursos para readequar suas moradias".

No caso das emissões de notas fiscais pela indústria, foi observada uma retração de quase 30% no início de maio, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Depois, a queda foi reduzida, levando a 12,7% o recuo médio do início de maio a 11 de junho.

Na agricultura, o BC ressaltou que a projeção para a produção de grãos no RS foi revisada para baixo após as enchentes. Mesmo assim, segundo a autarquia, IBGE e Conab ainda projetam crescimento de dois dígitos da produção gaúcha de grãos em 2024, altas de 38,5% e 36,4%, respectivamente.

"Houve perda de rebanhos, destruição de maquinário e estruturas e dificuldades de alimentar os animais durante o período mais crítico. Com isso, é possível que a produção de carnes, ovos e leite ainda seja afetada, ainda que provavelmente em menor intensidade, nos próximos meses", afirmou.

O PIB do Rio Grande do Sul, segundo o BC, responde por 6,5% do PIB nacional, sendo essa participação maior na agropecuária (12,7%) e na indústria de transformação (8,4%). As áreas mais afetadas pelas chuvas representam 53,3% do PIB gaúcho.

TRANSAÇÕES CORRENTES COM DÉFICIT MAIOR

O Banco Central piorou sua estimativa para o resultado das transações correntes neste ano, passando a ver um saldo negativo de US$ 53 bilhões. Em março, a previsão era de rombo de US$ 48 bilhões.

No relatório trimestral, a autarquia financeira baixou para US$ 65 bilhões a perspectiva para os IDPs (Investimentos Diretos no País) em 2024, contra US$ 70 bilhões do relatório anterior.

Nas contas do BC, a balança comercial terá superávit de US$ 59 bilhões neste ano, mesma estimativa de março. A despesa líquida com viagens, por sua vez, foi estimada em US$ 9 bilhões, contra projeção de US$ 12 bilhões feita em março.

MAIS CRÉDITO NO PAÍS

O BC também prevê um crescimento do crédito no país de 10,8% neste ano, ante estimativa de 9,4% feita em março.

Agora, a expectativa é que o crédito às famílias suba 11,0% em 2024, contra expectativa anterior de 10,2%. Para as empresas, a alta foi calculada em 10,5%, ante 8,0% no último relatório.

Para o estoque de crédito livre, em que as taxas são pactuadas livremente entre bancos e tomadores, o BC projeta agora uma expansão de 10,0% (+8,9% antes). Para o crédito direcionado, que atende a parâmetros estabelecidos pelo governo, a perspectiva é de alta de 12,0% (+10,0% antes).

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