EUA investigam balanço no ar que danificou Boeing 737 durante voo

Avião da Southwest Airlines sofreu rara oscilação que causou danos à cauda e levou a investigações por agências federais

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Remy Tumin Niraj Chokshi
The New York Times

Um balanço raro no ar que causou danos "substanciais" à seção da cauda de um avião da Southwest Airlines durante um voo no mês passado se tornou o foco de uma investigação da Administração Federal de Aviação e da Junta Nacional de Segurança nos Transportes, disseram as agências esta semana.

O avião, um Boeing 737 Max 8, voava a uma altitude de 34 mil pés de Phoenix para Oakland, Califórnia, por volta das 8h, horário do Pacífico, em 25 de maio, quando os membros da tripulação disseram ter experimentado o que é conhecido como dutch roll, disse a NTSB em um comunicado nesta sexta-feira (14).

Imagem mostra avião nas cores azul, amarelo e vermelho com o nome da Southwest escrito. Ele está parado em um aeroporto. Ao fundo, é possível ver outros aviões estacionados.
Avião Boeing 737 MAX 8 da Southwest Airlines em aeroporto no Texas, Estados Unidos - Loren Elliott/Reuters

Um Dutch roll é uma oscilação que cria movimentos simultâneos e de balanço. Acredita-se que o fenômeno tenha sido nomeado por um engenheiro aeronáutico que o comparou a uma técnica tradicional de patinação no gelo popularizada na Holanda.

Se não for corrigido, o balanço pode se tornar mais exagerado, criando um ciclo de feedback perigoso.

"É um movimento estranho do avião, uma oscilação que, se não for amortecida ou interrompida, poderia continuar a piorar", disse Jeff Guzzetti, ex-investigador de acidentes da FAA e NTSB. "É um ciclo vicioso."

Dutch rolls acontecem de tempos em tempos, sob determinadas circunstâncias. A maioria dos aviões modernos, incluindo o Max, possui equipamentos para amortecer seus efeitos, de acordo com Guzzetti.

"Há muito que não sabemos sobre isso", disse ele. "Normalmente, jatos modernos precisam de computadores para amortecer essas potenciais tendências de dutch roll. Pode ser apenas um indicativo das circunstâncias erradas no momento errado com os componentes errados fora de serviço."

Nenhum dos 175 passageiros a bordo ou membros da tripulação ficou ferido, disse a junta de segurança.

Após o pouso e uma inspeção subsequente, a Southwest "descobriu danos em componentes estruturais", disse a junta de segurança. A FAA descreveu os danos como "substanciais" em seu relatório preliminar, publicado na quinta-feira (13). A companhia aérea notificou a NTSB sobre o Dutch roll e os danos em 7 de junho, disse a junta de segurança.

O relatório preliminar da FAA disse que o avião experimentou um dutch roll e recuperou o controle. Uma inspeção pós-voo revelou danos à unidade de controle de energia de reserva, que é um sistema de backup para controlar o leme do avião, disse.

A NTSB recebeu dados baixados do gravador de voo digital que ajudarão "os investigadores a determinar a duração e gravidade do evento", disse a junta de segurança no comunicado. O gravador de voz da cabine "foi sobrescrito e não estava disponível para os investigadores."

Um relatório preliminar da NTSB é esperado nas próximas semanas.

"A FAA está trabalhando em estreita colaboração com a NTSB e a Boeing para investigar este evento", disse a FAA em um comunicado. "Tomaremos as medidas apropriadas com base nas descobertas."

A Boeing encaminhou perguntas sobre o episódio para a Southwest, que disse em um breve comunicado que estava "participando e apoiando a investigação."

Os reguladores federais estão analisando vários outros incidentes envolvendo aeronaves da Boeing. A empresa desenvolveu um plano para fazer amplas melhorias de segurança depois que um painel de porta se rompeu em um avião 737 Max 9 em pleno voo em janeiro. A FAA limitou a produção mensal de jatos 737 Max da Boeing e auditou suas linhas de produção; também está investigando a conformidade da empresa com os padrões federais de segurança.

A Boeing enfrenta possíveis repercussões legais de dois acidentes com o 737 Max 8 que mataram centenas em 2018 e 2019.

Na quinta-feira, o administrador da FAA, Mike Whitaker, disse a um comitê do Senado que a agência foi "muito passiva" na supervisão da Boeing e que deveria ter tido melhor conhecimento das práticas de segurança do fabricante antes do incidente do painel da porta.

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