Haddad volta a se encontrar com banqueiros após reunião que gerou ruído sobre arcabouço

Ministro vai se reunir com presidente da Febraban e líderes de BTG, Itaú, Bradesco e Santander em São Paulo

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São Paulo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai se reunir com representantes do setor financeiro nesta sexta-feira (14), em São Paulo, uma semana após o encontro que gerou ruídos sobre uma suposta mudança no arcabouço fiscal.

A reunião está prevista para acontecer às 9h30 no gabinete do Ministério da Fazenda na capital paulista e, segundo a agenda de Haddad, terá a participação de Isaac Sidney, presidente da Febraban (federação dos bancos), André Esteves, fundador do BTG Pactual, Milton Maluhy (Itaú), Marcelo Noronha (Bradesco) e Mário Leão (Santander).

Na semana passada, rumores sobre uma possível mudança no conjunto de regras que balizam o crescimento dos gastos públicos passaram a circular após uma reunião de Haddad com Leão e outros integrantes do mercado financeiro. O dólar disparou 1,43% naquele dia.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad - Pedro Ladeira - 11.jun.2024/Folhapress

Participantes do encontro disseram a jornalistas que o ministro teria dito que eventual contingenciamento de gastos dependeria do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que o arcabouço fiscal poderia até ser mudado.

No final daquela tarde, após reportagens citando a reunião, Haddad se mostrou irritado e afirmou que houve uma quebra de protocolo.

"A pessoa que vazou a informação vazou uma informação falsa. Quando fui perguntado se um aumento da despesa obrigatória poderia ensejar o contingenciamento, eu disse que simbolizaria como determina o arcabouço [fiscal]."

O ministro considerou o vazamento "muito grave" e uma "irresponsabilidade". "Não se pode vender ao mercado algo que não foi dito. O que venderam e o que eu disse foram duas coisas completamente diferentes", completou.

"Tinha gente muito séria aqui. Tinha um CEO [do Santander]... Sinceramente, lamento muito esse tipo de comportamento. Repito: estava o CEO do Santander aqui. Eu não estou dizendo que foi alguém do Santander. Estou dizendo que o que estou dizendo pode ser checado com o CEO do Santander. Ele ouviu o que eu falei", repetiu, para corroborar sua versão. O banco não se pronunciou sobre o assunto.

A reunião desta sexta também ocorre após a derrota do ministro na tentativa de obter receitas para compensar a desoneração da folha de pagamentos.

Sob fortes críticas, uma medida provisória restringindo as possibilidades de uso de créditos tributários do PIS/Cofin foi devolvida pelo Congresso, gerando uma percepção de enfraquecimento do titular da Fazenda.

Em viagem a Genebra, o presidente Lula saiu em defesa de seu ministro nesta quinta-feira (13). "Eu não tenho nada contra o Haddad. O Haddad é um extraordinário ministro", disse ao ser questionado sobre o assunto.

Depois de chegar a ser negociado a R$ 5,430 na quarta-feira (12), o dólar caiu nesta quinta e fechou cotado a R$ 5,367. O recuo foi motivado principalmente por um discurso do ministro da Fazenda, que falou em intensificar a revisão de gastos do governo, e manifestações de apoio a Fernando Haddad.


Nesta quinta-feira, Haddad fez uma declaração ao lado da ministra Simone Tebet (Planejamento) depois de uma reunião da equipe econômica na sede da Fazenda. Ele disse que pediu ao grupo um ritmo mais intenso de trabalhos na discussão sobre a agenda de corte de gastos e que o governo construirá um extenso cardápio de alternativas.

"Começamos aqui a discutir 2025, a agenda de gastos. O que a gente pediu foi uma intensificação dos trabalhos, para que até o final de junho nós possamos ter clareza do Orçamento de 2025, estruturalmente bem montado, para passar tranquilidade sobre o endereçamento das questões fiscais do país", afirmou o ministro.

O pronunciamento foi feito um dia depois de Lula ter causado temores no mercado ao sugerir aumento da arrecadação sem citar cortes de despesas.

O governo tem até o dia 31 de agosto de cada ano para apresentar ao Congresso sua proposta de Orçamento para o exercício seguinte. A equipe econômica faz os cálculos enquanto tenta atender à meta prevista para no ano que vem, de déficit zero.

"Nós estamos botando bastante força nisso, fazendo uma revisão ampla, geral e irrestrita do que pode ser feito para acomodar as várias pretensões legítimas do Congresso, do Executivo, mas sobretudo para garantir que nós tenhamos tranquilidade no ano que vem", acrescentou Haddad.

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