Preços recordes do ouro afetam demanda mundial por joias

É o segundo trimestre mais fraco para a demanda por joias desde 2020, na pandemia

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Emeline Burckel
Londres | AFP

O setor de joalheria, coração da demanda mundial por ouro, duramente afetado pelos preços recorde do metal precioso no segundo trimestre deste ano, registrou uma forte queda das vendas, a níveis que não foram vistos desde a pandemia de Covid-19.

"Os altos preços do ouro tiveram um impacto sobre a demanda" de joias, que está fortemente correlacionada, indicou à AFP Krishan Gopaul, analista do Conselho Mundial do Ouro (CMO).

No segundo trimestre, as compras de joias, maior segmento da demanda mundial de ouro, caíram 49% interanual a 390,6 toneladas, segundo o relatório trimestral da organização, publicado nesta terça-feira (30).

A imagem mostra duas mãos manipulando joias de ouro sobre uma balança. Uma corrente de ouro e um pingente estão sendo pesados. O fundo é uma superfície de trabalho escura, com um recipiente pequeno e uma calculadora visíveis.
Mesa de uma ourivesaria no município de Itaituba, no estado do Pará. No local, pepitas de ouro trazidas do garimpo são transformadas em joias - Pedro Ladeira-31.ago.22/Folhapress

A queda nas compras de joias pesou sobre a demanda mundial pelo metal precioso de abril a junho, que perdeu 6% interanual a 929 toneladas.

Esse é o segundo trimestre mais fraco para a demanda por joias desde 2020, quando se viu muito atingida pela pandemia de Covid-19, com diversas cerimônias canceladas ou adiadas.

Na China e na Índia, os dois principais mercados para a joalheria de ouro, as bodas são uma ocasião para que as famílias guardem parte de suas economias ao trocá-las por lingotes, colares, anéis, pulseiras e outros objetos de ouro.

A demanda por joias também diminuiu em termos de seu valor em dólares, porque a alta do preço do ouro não compensou a queda nos volumes.

Em meados de maio, o metal alcançou um máximo histórico de mais de 2.450 dólares (13.835 reais) a onça, um pico que foi superado pouco depois.

Na China, as compras de joias caíram 35% interanual no segundo semestre, afetadas pela alta de preços e pela desaceleração econômica.

As "dificuldades do mercado imobiliário" no país e "as perspectivas econômicas incertas contribuíram para a cautela dos consumidores e sua forte vontade de poupar", apontou a organização no relatório.

Nesse contexto, os compradores chineses preferem as peças pequenas de menor custo.

Os preços recordes do ouro também pesaram fortemente na demanda por joias na Índia, onde caiu 17% interanual.

Até mesmo o festival hindu de Akshaya Tritiya, considerado uma das principais ocasiões para se comprar ouro na Índia, deu um impulso apenas passageiro às compras de ouro.

Na Turquia, também, a demanda por joias registrou seu primeiro declínio anual desde o início de 2022, e isso se deve "exclusivamente ao alto preço do ouro", de acordo com a CMO.

Mas os preços podem não apenas ter desencorajado potenciais compradores, mas também "motivado alguns investidores menores a realizar lucros", disse Louise Street, analista da organização.

Os investidores ocidentais também aproveitaram os preços historicamente altos para realizar lucros. Por outro lado, os preços altos despertaram o apetite dos investidores asiáticos.

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