BC precisa conduzir política monetária para reancorar expectativas de inflação, diz diretor

Diogo Guillen afirma que objetivo é levar Brasil para atingir meta de 3%

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Fabrício de Castro
Reuters

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse nesta quinta-feira (5) que a autarquia precisa conduzir a política monetária de forma a levar as expectativas de inflação de volta ao centro da meta de 3%, acrescentando que elas continuam desancoradas.

Falando por videoconferência no Global Emerging Markets One-on-One Conference, promovido pelo UBS, Guillen destacou que, desde a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), no final de julho, houve "surpresa" com o dado do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no segundo trimestre.

Diogo Guillen, diretor do Banco Central, participa de sabatina no Senado
Diogo Guillen, diretor do Banco Central, participa de sabatina no Senado

O IBGE informou na terça-feira que o PIB do Brasil cresceu 1,4% de abril a junho sobre o trimestre anterior, em resultado acima do 0,9% esperado por economistas ouvidos pela Reuters.

Segundo Guillen, o crescimento do PIB foi liderado pelo consumo, enquanto o mercado de trabalho no Brasil segue apertado. Ele disse ainda que o BC vê o consumo "forte" e o crédito "resiliente".

Ao avaliar as decisões mais recentes do Copom, Guillen reforçou que há uma coesão no colegiado. De acordo com o diretor, os diagnósticos sobre a economia brasileira, as incertezas do cenário externo e a desaceleração do crescimento global são elementos de coesão entre os dirigentes do BC.

Ao mesmo tempo, Guillen pontuou que os membros do Copom veem diferentes fatores —como o crédito— com ênfases diferentes, mas que "isso é bom".

"Mais importante que a coesão é a transparência, é dizer no que concordamos e no que não concordamos", afirmou o diretor.

Em sua fala, Guillen também ressaltou em diferentes momentos que o BC segue com "forte comprometimento" em levar a inflação para a meta de 3%.

Questionado sobre indicações recentes do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que o começo da alta da taxa básica Selic seria "gradual", Guillen afirmou ser normal que o gradualismo ocorra em inícios de ciclos. Ao mesmo tempo, pontuou que a comunicação mais recente do BC traz indicação de um começo gradual de um novo ciclo.

Na última sexta-feira (30), Campos Neto pontuou durante um evento que eventual ciclo de ajuste nos juros básicos, se ocorrer, será gradual e que o prêmio de risco na ponta curta da curva a termo brasileira não estaria compatível com as comunicações recentes do BC. Desde então, investidores reduziram apostas de alta de 50 pontos-base da Selic este mês, elevando as posições em uma alta de apenas 25 pontos.

Para parte do mercado, o aumento da Selic, hoje em 10,50% ao ano, tornou-se inevitável em função de fatores como as expectativas desancoradas, o nível elevado do dólar ante o real e o discurso mais recentes de autoridades do BC.

A elevação da Selic neste momento também é vista como um fator que poderia reforçar a credibilidade do BC. Sobre isso, Guillen defendeu que o BC transmite credibilidade quando faz o que de fato precisa fazer.

"Você não ganha credibilidade subindo (juros) quando tem que cortar, nem cortando quando tem que subir", afirmou, acrescentando que o BC precisa seguir seu mandato, de levar a inflação de volta à meta.

Com reportagem adicional de Fernando Cardoso

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