Ecommerce ajuda negócio a faturar, mas demanda estratégia própria

Ao criar um site, empresário tem de fazer a gestão da plataforma, de serviços de pagamento e de estoque

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Rio de Janeiro

Pequenas empresas que aderem ao comércio online ganham competitividade e aumentam a composição do faturamento. Mas, para chegar aos ganhos financeiros, têm de colocar de pé uma nova estrutura --que inclui contratação de plataforma, de serviço de pagamento e gerenciamento de estoque.

A plataforma de ecommerce é o serviço que está por trás do site acessado pelo cliente e responsável por armazenar dados de vendas e produtos.

Na hora de contratá-la, o empreendedor deve prestar atenção na escalabilidade e na capacidade de se conectar a outras ferramentas (as chamadas integrações), como meios de pagamento e sistemas de entrega.

Da esq. para a dir., Erico Rodrigues, Adalberto Ribeiro, Felipe Beirigo, Carlos Matias e Aline Tiemie, donos da Livraria Simples, na Bela Vista (SP)
Da esq. para a dir., Erico Rodrigues, Adalberto Ribeiro, Felipe Beirigo, Carlos Matias e Aline Tiemie, donos da Livraria Simples, na Bela Vista (SP) - Gabriel Cabral/Folhapress

O layout, ou aparência do site, também deve ser levado em consideração. Existem plataformas com designs que podem ser editados com facilidade, sem precisar de ajuda de desenvolvedor. Acima de tudo, é importante que a página seja fácil de navegar, para evitar que o cliente desista da compra.

A gestão do estoque é outro ponto estratégico para vendas online. Barbara Tonhela, gerente sênior da escola Ecommerce na Prática, recomenda abastecer o site com mercadorias disponíveis em maior quantidade, mesmo que seja preciso diminuir a variedade.

"Canais de venda não dão audiência a lojas que têm dois ou três itens de um produto, porque esgotam rápido. Se tiver 50 ou 100 unidades, já faz sentido dar visibilidade", diz.

Regina Camargo, 49, dona da Tiki Festas, loja de artigos para eventos em Campinas, interior de São Paulo, disponibiliza apenas 25% de seu estoque físico no ecommerce. Ela prioriza itens menos comuns em canais de busca como o Google, que garantem audiência ao site.

Adalberto Ribeiro, 41, sócio da Livraria Simples, na capital paulista, investiu R$ 3.600 para iniciar as vendas online, em março de 2020. Hoje, 14% do faturamento vem do site.

Desde o início da operação do ecommerce, o negócio vende no virtual os produtos disponíveis na loja física, sem estoques separados.

Segundo Fernando Moulin, professor de gestão de experiência do consumidor da ESPM, isso é comum entre pequenas empresas, que têm menos recursos para montar estoques específicos para cada operação.

Nesses casos, Moulin diz que o ideal é adotar um sistema de gestão integrável aos sites, conhecido pela sigla ERP (Enterprise Resource Planning ou planejamento de recursos do negócio).

O ERP faz o registro de todas as transações financeiras da empresa e gera notas fiscais. Assim, permite contabilizar entrada e saída de produtos.

Esse controle ajuda a evitar a venda online de itens que não estão disponíveis. Mas, para evitar falhas, o ideal é fazer contagens periódicas para conferir se sistema e estoque estão alinhados. Hoje, existem planos de ERP voltados a pequenos negócios, alguns vinculados às plataformas.

Informações completas do produto e fotos bem produzidas também ajudam o site a se posicionar nos buscadores. Esse conteúdo pode ser usado em email marketing, redes e campanhas digitais.

Regina, da Tiki Festas, investe em anúncios pagos nas redes sociais, que, diz, aumentaram o acesso à loja virtual em 20%. O site, lançado em 2020, foi responsável por um quinto do faturamento da empresa no ano passado.

Regina Camargo, dona da Tiki Festas, na sede da empresa, em Campinas, interior de SP
Regina Camargo, dona da Tiki Festas, na sede da empresa, em Campinas, interior de SP - Adriano Vizoni/Folhapress

A venda em marketplaces é uma estratégia adicional usada pela Livraria Simples. Samuel Gonsales, diretor de relacionamento do site especializado E-commerce Brasil, explica que esse canais têm poder de venda graças a uma potente base de clientes --o que costuma ser um problema para quem está começando no online.

Além de captar consumidores, outros focos de atenção são entrega e atendimento, incluindo trocas e devoluções. Quando um item é comercializado, é preciso dar baixa no estoque, preparar pacote contendo a nota fiscal e decidir o meio de envio, de acordo com destino e tamanho do produto --transportadoras ou Correio são as opções.

O empreendedor ainda precisa monitorar canais de atendimento para resolver problemas como pacotes extraviados ou demora na entrega.

Caso a demanda seja alta, o ideal é destacar uma equipe que cuide exclusivamente desse conjunto de tarefas. Existe a opção de terceirizar a operação de troca.

Fernando Moulin lembra que é preciso dar atenção especial aos serviços financeiros. A contratação dos sistemas de pagamento é geralmente negociada sem envolver a plataforma de ecommerce. Taxas e especificações técnicas variam entre os fornecedores.

Regina Camargo investiu R$ 1.500 para inaugurar o site da Tiki Festas, mas, à época, não sabia que o recurso antifraude (responsável por barrar compras suspeitas) era contratado à parte. Com isso, perdeu R$ 10 mil em produtos que foram enviados mas não foram pagos. "Para um pequeno negócio que estava começando a vender na internet, foi um impacto. Mas depois de contratar o sistema antifraude, não aconteceu mais."

No caso de empresas de menor porte, a recomendação é adquirir o recurso de segurança junto com o meio de pagamento, para evitar erros de integração de sistemas, explica Barbara Tonhela, da escola Ecommerce na Prática.

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