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Empresas oferecem colônias de férias em condomínios durante o verão

Atividades ajudam na socialização e podem servir como gancho para vender festas e aniversários

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São Paulo (SP)

O educador físico Leonardo Gomide começou a trabalhar com recreação ainda durante a faculdade, em 2017. Dois anos depois, fundou sua própria empresa, a Dinâmica Recreação, em Ribeirão Preto (SP).

Junto com a sócia e amiga Giovanna Amaro, a empresa oferece "colônias de férias" com atividades de recreação em condomínios fechados durante o verão. As atividades são voltadas para crianças entre 4 e 12 anos e segmentadas conforme a faixa etária.

Para crianças de até seis anos, a Dinâmica organiza brincadeiras que envolvem personagens e fantasia. Para aquelas entre 7 e 12 anos, aposta em dinâmicas com competição –como gincanas, partidas esportivas e jogos de raciocínio.

Gomide diz que o trabalho exige muita paciência. "Os pais agradecem muito, porque as crianças saem do computador, do tablet, e conhecem colegas", afirma. "É comum que elas passem a usar mais as áreas comuns do condomínio depois de participarem das atividades."

A Dinâmica conta com uma turma de 30 recreadores freelancers, que trabalham em eventos específicos e sob demanda da empresa.

Segundo Gomide, o faturamento aumenta de 30% a 50% durante as férias de verão. No ano, a empresa fatura cerca de R$ 90 mil. Além das "colônias", a Dinâmica faz recreação em aniversários e festas corporativas.

Duas crianças brincam com moldes de letras dispostas sobre a beirada de uma piscina
Crianças brincam na piscina durante colônia de férias organizada pela Dinâmica Recreação, em Ribeirão Preto (SP) - Ricardo Benichio/Folhapress

Caminho semelhante fez o empresário e educador físico Caio Vale, da Liga Positiva, fundada na cidade de Guarulhos (SP), em 2017. A empresa tem contrato com um condomínio em Leme (SP), onde oferece atividades nas férias de dezembro e de julho.

"No verão a gente gosta de brincadeiras com água –lona aquática, bexigas de água, mangueira", conta. A empresa cobra de R$ 300 a R$ 400 por semana para cada criança.

Alexandre Giraldi, consultor do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) de São Paulo, diz que, para conquistar mercado, empresas do ramo precisam gerar protocolos claros de treinamento e padronizar aspectos como vestimenta e modo de lidar com as crianças.

Segundo o administrador de empresas, é preciso que as empresas tenham o que ele chama de "manual dos acasos": "É o que define o que fazer quando a criança precisa ir ao banheiro, comer ou quando pede para ser levada para casa".

O empresário Thiago Sanchez, proprietário do Grupo Curumim, diz que esse é um dos diferenciais da sua empresa. Fundado em 1998, o grupo baseado em São Paulo (SP) oferece colônias em condomínios de alto padrão na capital, no litoral e no interior do estado.

Ele diz que os recreadores que trabalham para a empresa passam por treinamento com psicólogos, terapeutas ocupacionais e aprendem técnicas de primeiros-socorros. O empresário, que também tem contratos com restaurantes e hotéis, reforça a necessidade de especialização.

"Muitos restaurantes começam fazendo atividades de recreação com atividades próprias e depois percebem que não têm qualificação adequada", relata.

Hoje a empresa de Sanchez promove de 350 a 400 eventos por mês. O grupo também administra o Mundo dos Dinossauros do Zoológico de São Paulo e tem espaços próprios em shoppings da capital.

O Grupo Curumim aposta nas colônias de férias, que não são seu produto mais lucrativo, para prospecção de clientes. "As crianças criam conexão forte com os recreadores e por isso os pais depois chamam a empresa para festas de aniversário e outros eventos", relata Sanchez.

Por uma temporada de 30 a 40 dias com seis recreadores, o Grupo Curumim cobra de R$ 50 a R$ 60 mil. A empresa tem cerca de 50 funcionários fixos e 500 freelancers, com faturamento anual na casa dos seis dígitos.

O professor de recreação e lazer da Unip (Universidade Paulista) André Filipps enxerga falta de qualificação na área. Ele defende a exigência de diploma ou cursos profissionalizantes para profissionais da área.

Edmur Stoppa, professor do curso de lazer e turismo da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades) da Universidade de São Paulo, diz que as atividades não podem se resumir a brincar. "Os recreadores devem levar em conta o desejo da criança e ao mesmo tempo ter o objetivo de ampliar o repertório de brincadeiras", afirma.

"Juntar as crianças e bater uma bola qualquer zé mané consegue", resume Gomide, da Dinâmica Recreação. "Nossa diferença é que a gente é camaleão: entende quais as atividades que eles mais gostam e assim consegue conquistá-los".

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