Descrição de chapéu vacinação

Chegada de novas vacinas impulsiona abertura de clínicas particulares

Leque maior de imunizantes e atendimento personalizado são diferenciais do setor

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O mercado de clínicas de vacinação deve crescer em 2024, estimulado pela chegada de novos produtos, como a vacina Qdenga, contra a dengue. O imunizante foi disponibilizado na rede particular em julho de 2023, mas está esgotado no momento. Até fevereiro, mais de 20 mil doses tinham sido aplicadas.

"Seja uma vacina nova ou uma atualização, quando elas são lançadas e chegam ao mercado privado, abrem um potencial enorme para que a população busque o serviço para complementar a imunização", diz Marcos Tendler, membro do conselho de administração da ABCVAC (Associação Brasileira das Clínicas de Vacina).

A Nany's foi criada em 2022 por duas enfermeiras, Elaine Fillol (à esquerda) e Helainny da Silva, com o diferencial de oferecer um serviço humanizado e personalizado

Há cerca de 4.000 clínicas de vacinação privadas registradas no Brasil hoje, segundo dados da ABCVAC. Se considerados os laboratórios de análise e as farmácias cadastrados como serviços de imunização humana, que também estão aptos a fazer aplicações, o número sobe para 5.000.

A Amo Vacinas, fundada pelas irmãs Thaís e Juliana Farias, em 2016, viu um aumento de quase 54% na abertura de novas franquias com a demanda pela Qdenga. Ao todo, a marca tem 39 unidades e outras 21 em processo de abertura.

A primeira clínica começou na cidade de Eusébio, na região metropolitana de Fortaleza (CE). Juliana, que é enfermeira, aplicava as doses e cuidava da parte administrativa, enquanto Thaís fazia o marketing. Em quatro anos, abriram outras seis unidades no Ceará e na Bahia.

Em 2021, a empresa se fundiu com o Grupo Salus, que tem participação em marcas do segmento de odontologia, beleza e oftalmologia, e expandiu para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Hoje, mais de 50% das unidades estão em São Paulo.

Um franqueado pode faturar até R$ 250 mil por mês, e o investimento pode ser feito a partir de R$ 290 mil.

Para empreender no ramo, não é preciso trabalhar na área da saúde. No entanto, por lei, o serviço é obrigado a ter um responsável técnico com formação médica, farmacêutica ou de enfermagem, além de um profissional da saúde legalmente habilitado a aplicar vacinas durante todo o período de atendimento.

Outros documentos necessários são o alvará municipal, cujo regulamento varia de acordo com a cidade, e a licença sanitária expedida pela secretaria municipal de saúde.

Em 2022, as enfermeiras Helainny Aparecida da Silva, 29, e Elaine Cristina Camargo Fillol, 56, investiram cerca de R$ 80 mil para abrir a Nany's Clínica Humanizada, em São Paulo. O valor incluiu a compra de equipamentos e reformas no imóvel, para atender às normas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Por mês, são aplicadas cerca de 150 doses, e o faturamento fica na casa dos R$ 50 mil. Atualmente, a clínica não possui outros funcionários além das sócias, que cuidam de todos os detalhes da empresa.

A ideia das proprietárias, que atendem principalmente crianças, é oferecer um serviço personalizado aos pacientes. "A gente tenta atender o cliente da melhor forma possível para que ele entenda a importância da vacina, sem gerar traumas", diz Silva.

A maior parte das clínicas particulares complementa o calendário do PNI (Programa Nacional de Imunização), do Ministério da Saúde. As vacinas mais procuradas são as voltadas ao público infantil, como as meningocócicas, pneumocócicas e rotavírus. Já entre os adolescentes e adultos, a busca é alta pela vacina contra o HPV.

Os estabelecimentos também oferecem doses para públicos não contemplados nas campanhas de imunização do SUS (Sistema Único de Saúde). O tíquete médio das doses, segundo a ABCVAC, é de cerca de R$ 450, com lucratividade de até 30%.

"O Brasil tem uma população bem instruída e faz um trabalho muito forte na disseminação de informação correta sobre vacinação. O mercado privado entra como uma ação complementar à saúde pública", afirma Marcos Tendler, da ABCVAC.

Na visão dele, o setor também é impulsionado por outras fontes, como a oferta de programas e campanhas de vacinação a empresas.

Clínicas de vacinação particulares têm como diferencial o serviço personalizado - Lucas Seixas

Ao longo do ano, o grupo Vaccini, fundado em 1993, no Rio de Janeiro, aplica cerca de 150 mil doses em funcionários de mais de 300 empresas. As campanhas corporativas, em geral contra a gripe, representam 10% do faturamento anual da franquia.

"Ajudamos a empresa a pensar a campanha: a organização, a parte técnica, a vacina, as contraindicações. A gente orienta, revisa e dá todo o suporte", explica a proprietária, Isabella Ballalai, 60.

A rede possui 25 unidades espalhadas pelo país. O investimento para abrir uma franquia é de R$ 350 mil, e o faturamento anual fica entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões, com prazo de retorno em até três anos.

Para quem quer empreender no segmento, Tendler ressalta a importância de executar a atividade com rigor técnico e conhecimento da legislação.

"Não podemos tratar a vacina como qualquer artigo comercial, puro e simples. A partir do momento que o empreendedor toma a decisão de participar desse mercado, sendo da área ou não, ele se torna um profissional da saúde", acrescenta.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.