O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou nesta semana a naturalização de um jovem migrante do Mali —apelidado de “Homem-Aranha”, ele havia escalado um prédio no sábado (26) para salvar um menino de quatro anos dependurado, prestes a cair.
Na manhã desta quarta-feira (30), a tropa de choque de seu governo expulsou mais de 1.700 pessoas de um dos maiores campos de refugiados de Paris. O campo era conhecido como “Millénaire”, nome de um centro comercial nos arredores, e ficava no 19° arrondisement (divisão administrativa típica da capital francesa).
Os moradores —incluindo crianças desacompanhadas— foram colocados em ônibus e levados a centros de acolhimento, onde seus documentos serão checados. Suas tendas já foram destruídas.
Em sua maior parte vindos da Somália, do Sudão e da Eritreia, aqueles migrantes moravam no campo há meses em condições sanitárias precárias, sem ter acesso a água corrente ou banheiros. Outros campos devem ser desmontados durante os próximos dias.
A realocação de refugiados interessa ao país porque facilita o controle do fluxo migratório. O governo também defende que suas instalações públicas são mais adequadas do que as tendas erguidas na rua. Segundo a imprensa local, não houve resistência durante a operação, para a qual a prefeitura deslocou mais de 500 policiais.
Mas há alguma ansiedade entre os migrantes, que em muitas vezes não têm toda a informação de para onde estão sendo deslocados. O temor é de que, uma vez entregues à burocracia francesa, eles podem ser expulsos a outros países europeus, como a Itália, de onde aliás diversos deles saíram em busca de melhores condições de vida.
Essa foi a 35ª operação policial do tipo nos últimos três anos, segundo uma reportagem do jornal francês Le Monde. A destruição do campo de Calais há 18 meses foi simbólica: viviam naquelas tendas quase 10 mil pessoas, à espera de cruzar o canal rumo ao Reino Unido. Parte deles se deslocou a Paris.
O problema de base, no entanto, ainda não foi resolvido. Refugiados continuam a chegar à França, fugindo da extrema pobreza ou de conflitos civis, o caso da Síria.
A questão afeta, ademais, o restante do continente. A Alemanha recebeu sozinha em 2015 quase 1 milhão de pessoas —decisão que teve um custo político à chanceler, Angela Merkel, que viu a ascensão de grupos contrários à migração.
A França estuda agora uma nova lei migratória, com a qual as deportações serão mais velozes. Macron também propôs diversas vezes criar parcerias com os países de onde saem os migrantes, para melhorar suas vidas ali, e também estimular a sua permanência.
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