Recusa da Itália em receber barco de imigrantes gera crise com a França

Roma chamou para consulta o embaixador francês e países cancelaram uma reunião conjunta

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Roma e Catânia (Itália) | Associated Press, Reuters e AFP

​A recusa da Itália em receber um barco com centenas de imigrantes, a maioria africanos, gerou uma guerra verbal entre Roma e Paris, que levou ao cancelamento de uma reunião entre os ministros das Finanças dos dois países. 

O governo italiano confirmou nesta quarta-feira (13) o cancelamento do encontro entre Giovanni Tria e seu colega francês, Bruno Le Maire. Roma também decidiu chamar para consulta o embaixador francês, em outro sinal do aumento das tensões.  

​Oficialmente, nenhum motivo foi dado para a suspensão do encontro, mas a decisão aconteceu pouco após o ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini fazer um discurso no Senado criticando o presidente francês Emmanuel Macron. 

O italiano disse que Paris até o momento não cumpriu sua promessa de receber 9.816 refugiados, medida que faz parte de um acordo de 2015 da União Europeia para realocar os imigrantes.

"Então eu peço ao presidente Macron que passe das palavras para a ação e receba amanhã de manhã os 9.000 [refugiados] que a França prometeu receber, como um sinal concreto de generosidade", disse Salvini, que foi aplaudido de pé pelos senadores. 

Líder do partido de direita nacionalista Liga, Salvini teve como principal proposta para a eleição de março o endurecimento nas regras de entrada de imigrantes. Ele assumiu a pasta em 1º de junho, junto com o novo governo italiano.    

A crise entre os dois países começou no domingo (10), quando a Itália —assim como o governo de Malta— se recusou a receber o barco Aquarius, que estava à deriva no mar Mediterrâneo com 629 imigrantes a bordo.

A situação só foi resolvida na segunda (11), quando a Espanha se ofereceu para receber o grupo. Na terça (12), a Itália enviou dois barcos para conseguir transportar os imigrantes em segurança até a cidade espanhola de Valencia.

A previsão é que o barco chegue no porto espanhol no sábado (16), mas a viagem pode durar até dez dias devido ao mau tempo. 

A recusa italiana foi criticada por Macron, que na terça chamou o governo italiano de cínico e irresponsável e afirmou que não queria que a situação "criasse um precedente" que permitiria a um país europeu se se recusar a receber os imigrantes, passando a questão para outro membro do bloco.  

O porta-voz do partido de Macron, Gabriel Attal, chegou a afirmar que a decisão italiana o fazia querer vomitar, mas nesta quarta Paris adotou um tom conciliatório. 

Uma porta-voz do Ministério de Relações Exteriores francês, Agnes von der Muhll, disse que seu país "está consciente do peso que a imigração colocou na Itália" e que Paris está disposta a cooperar com Roma para ajudar na questão. A França também afirmou que o encontro dos ministros das Finanças deve ser remarcado em breve.  

Em resposta, o ministro de Relações Exteriores da Itália, Enzo Moavero, disse que os comentários de Macron foram "injustificáveis" e que eles comprometeram a relação entre os dois países.

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