O ex-presidente uruguaio José Mujica (2010-2015) disse nesta segunda-feira (28) ser favorável a uma convocação de "eleições gerais" na Venezuela sob a tutela da ONU para resolver a crise que atinge o país.
"Como está a situação (na Venezuela), por mais louca que pareça a proposta de eleições gerais feita pela Europa, reconhecendo que atropela a soberania e a autodeterminação —mas, repito, no mundo de hoje isso não existe para países que têm muito petróleo—, bem ou mal (a eleição) seria uma saída", declarou ele.
A essas eleições "deveriam somar um monitoramento com garantias das Nações Unidas", acrescentou o uruguaio, um símbolo da esquerda na região e próximo do presidente Hugo Chávez (1999-2013), morto em 2013.
No sábado (26), diversos países europeus deram um ultimato de oito dias ao ditador Nicolás Maduro para convocar eleições, sob pena de reconhecer o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como presidente interino.
Mujica apoiar a postura do governo uruguaio de Tabaré Vázquez (seu aliado) de promover o diálogo na Venezuela, ao qual se somou o governo de Andrés Manuel López Obrador no México. Montevidéu enviou representantes à posse de Maduro para um segundo mandato de seis anos em 10 de janeiro, em meio a fortes críticas da oposição política.
Nenhum dos dois países reconheceu Guaidó como presidente interino, mas ambos pediram conjuntamente o início de negociações entre governo e oposição.
Mujica arriscou propor como saída à crise uma "espécie de junta executiva onde estivessem todas as tendências, mas fortemente monitoradas e garantidas pelas Nações Unidas".
"Não vejo outro caminho que dê garantias", concluiu.
Sobre Guaidó, sustentou que "o presidente autoproclamado ou é muito jovem ou tem certeza que terá o respaldo do Exército dos Estados Unidos".
"Estão soando fortes tambores de guerra no Caribe pela situação venezuelana e devemos recordar que nas guerras, em geral, morrem os que não têm responsabilidades", disse Mujica.
"Por trás da guerra sempre se movem interesses. A verdade, crua, dura, real, é que os mais conservadores dos Estados Unidos não podem aceitar que a China acabe manejando o destino do petróleo venezuelano. Essa é a causa profunda da impaciência" de Washington, afirmou uruguaio.
Nesta segunda-feira, os Estados Unidos anunciaram sanções contra a estatal petroleira PDVSA.
Em meio às tensões houve protestos e tumultos que deixaram 35 mortos e 850 detidos na última semana na Venezuela.
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