O presidente dos EUA, Donald Trump, insistiu nesta terça-feira (11) em dizer que há partes secretas do acordo firmado com o México para conter imigração ilegal, exibindo a jornalistas o que disse ser uma cópia do documento.
Trump fez do cerco à imigração um dos pontos centrais de sua campanha e de seu mandato. Ainda neste mês, ele anunciará sua candidatura à reeleição no pleito de 2020.
O teor do documento não foi revelado, mas fotos ajudaram os repórteres a decifrarem parte de seu conteúdo.
De acordo com esses relatos, o texto inclui um plano regional de asilo e um compromisso por parte do México de examinar e potencialmente modificar suas leis internas de modo a implementar o acordo fechado na última sexta-feira (7).
O documento menciona "uma abordagem regional para compartilhar o processamento dos pedidos de status de refugiados aos imigrantes".
"Esse é o acordo que todos dizem que eu não fiz. Vou deixar que o México faça o anúncio no momento oportuno", disse Trump.
Mas para muitos Trump estava apenas blefando sobre o suposto acordo secreto.
Na segunda-feira (10), anunciando o que disse serem partes ainda não divulgadas do acordo, o México afirmou que teria 45 dias para mostrar o sucesso do aumento da presença de forças de segurança na fronteira. Caso contrário, haveria novas conversas com os EUA.
Washington quer que o México seja declarado um terceiro país seguro, em que os imigrantes buscaram asilo em vez de dirigir-se aos EUA, uma demanda que o governo mexicano sempre rejeitou.
Mas na segunda o chanceler Marcelo Ebrard derrubou o veto à questão, dizendo no entanto que precisa do apoio de países da região, entre eles o Brasil, dada a magnitude do problema.
Ebrard afirmou ainda que o Senado mexicano teria de ser consultado sobre quaisquer mudanças legislativas.
O próprio vice-presidente dos EUA, Mike Pence, mencionou na segunda uma abordagem regional, sugerindo que a Guatemala pudesse receber uma parte dos imigrantes e afirmando que Washington já vem conversando com o Brasil, o Panamá e outros países da América Central.
O acordo fechado na sexta impediu que os EUA impusessem tarifas sobre todos os produtos mexicanos, como Trump havia ameaçado.
Entre outros pontos, o México concordou em posicionar 6.000 membros da Guarda Nacional na sua fronteira com a Guatemala para impedir a passagem dos imigrantes, a maioria vinda de países da América Central.
Ebrard disse nesta terça que os militares começam a ser enviados para a fronteira nesta quarta.
“Durante muito tempo, muitos anos, tentou-se fazer o que nós realizamos em dias. Agora mesmo estamos mobilizando 6.000 soldados na fronteira sul. Vocês acham que tinham isso há duas semanas? Eu vou lhes dizer o que havia há duas semanas, não tínhamos nada”, disse Trump.
O México voltou a negar nesta terça a existência de cláusulas secretas no acordo, afirmando que medidas mais agressivas serão discutidas apenas se as já acordadas fracassarem.
Segundo os dados do governo americano, em maio 114 mil pessoas foram detidas tentando entrar no país pela fronteira sul, a maior quantidade em 13 anos. O México afirmou que esse número cairá para 50 mil caso o plano dê certo.
Pontos do acordo dos EUA com o México sobre imigração
Mudança de leis
Embora ainda não confirmado pelo governo local, haveria o compromisso do México de examinar e potencialmente modificar suas leis internas para viabilizar o acordo migratório
Asilo
De acordo com o escrito no papel apresentado nesta terça (11) por Donald Trump, o pacto prevê “uma abordagem regional para compartilhar o processamento dos pedidos de status de refugiados aos imigrantes”
Guardas na fronteira
O México concordou em posicionar 6.000 membros da Guarda Nacional em sua fronteira com a Guatemala, principal ponto de entrada das caravanas que rumam para os EUA
Fiscalização
O governo do presidente Andrés Manuel López Obrador propôs construir novos centros de detenção e pontos de checagem para barrar a passagem de imigrantes ilegais
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