Premiê da Tailândia anuncia fim de regime militar após cinco anos

Prayuth Chan-ocha diz que país voltará a ser democracia mas continua governo com apoio das Forças Armadas

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Bancoc (Tailândia) | Reuters

O primeiro-ministro da Tailândia, Prayuth Chan-ocha, renunciou ao cargo de chefe do governo militar nesta segunda (15), dizendo que o país passará a funcionar como uma democracia normal depois de cinco anos de ditadura.

O novo governo assumirá oficialmente após cerimônia de posse na terça-feira (16).

Prayuth, ex-chefe do Exército que tomou o poder no golpe de 2014, no entanto, continuará como primeiro-ministro, apoiado por partidos pró-militares no Parlamento, incluindo no Senado, apontado pelas Forças Armadas.

Em discurso na televisão, Prayuth disse que o governo militar trouxe avanços em muitas áreas, desde lidar com o problema da pesca ilegal e do tráfico de pessoas até o resgate de 12 meninos e seu treinador de futebol presos em uma caverna alagada no ano passado.

O premiê tailandês, Prayuth Chan-ocha, que renunciou ao cargo de chefe do governo militar - Athit Perawongmetha/Reuters

Ele afirmou que a intervenção militar foi necessária para restabelecer a ordem após seis meses de protestos de rua e confrontos violentos, mas que a situação voltou ao normal depois das eleições de 24 de março deste ano, as primeiras desde o golpe

"A Tailândia é agora um país totalmente democrático com uma monarquia constitucional, com um parlamento cujos membros são eleitos", disse Prayuth.

O rei Maha Vajiralongkorn endossou o novo gabinete civil, composto de um governo de coalizão de 19 partidos que detém uma pequena maioria no Parlamento.

"Todos os problemas serão tratados normalmente com base em um sistema democrático, sem uso de poderes especiais", disse, referindo-se aos amplos poderes exercidos pelo governo militar.

Na semana passada, Prayuth usou essas prerrogativas pela última vez para acabar com várias restrições à mídia. Ele também transferiu casos civis legais de militares para tribunais civis, embora retivesse o poder de permitir que as forças de segurança realizassem buscas e fizessem detenções.

A Tailândia assistiu a episódios intermitentes de agitação política e violência —assim como dois golpes militares— nos últimos 15 anos, à medida que novas forças políticas apoiadas por setores da zona rural do país desafiavam o establishment real e militar baseado em Bancoc.

A população está cautelosa sobre o que a nova configuração política pode trazer.

"Temos de ver o trabalho deles primeiro", disse Noppawan Hiranpruk, 47, vendedora em uma feira de rua. "Não há problema em ter rostos antigos, desde que eles tenham novas ideias para fazer novas coisas acontecerem", completou.

 
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