Descrição de chapéu The Washington Post Governo Trump

Dinamarca é apenas mais uma das viagens internacionais canceladas por Trump

Desistências acontecem por motivos diversos, que vão do mau tempo a problemas domésticos

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Jennifer Hassan
Londres | The Washington Post

​A primeira-ministra da Dinamarca disse que não está interessada em vender a Groenlândia ao presidente Trump. Por isso, na terça-feira (20), Trump cancelou sua visita à Dinamarca prevista para setembro, enfurecendo políticos dinamarqueses.

Mas não é a primeira vez que Trump cancela uma viagem marcada ao exterior.

Na realidade, o presidente tem um histórico de cancelar planos por uma série de razões diferentes que vão de maus negócios a mau tempo, passando por momentos no qual sua presença era necessária em solo americano.

O presidente dos EUA, Donald Trump, conversa com jornalistas na Casa Branca nesta quarta (21)
O presidente dos EUA, Donald Trump, conversa com jornalistas na Casa Branca nesta quarta (21) - Xinhua - 21.ago.19/Ting Shen

1. Londres

Em janeiro de 2018, Trump foi ao Twitter anunciar que estava cancelando uma viagem cerimonial prevista ao Reino Unido porque não era “grande fã” da transação imobiliária na qual os EUA venderam o imóvel ocupado por sua embaixada em Londres para transferi-la para um prédio novo na zona sul da capital britânica, uma área descrita por Trump como “de baixo padrão”.

Embora Trump tivesse descrito a transferência da embaixada americana como um “mau negócio” e dito que essa era a razão do cancelamento de sua visita, muitos britânicos que tinham planejado protestos em massa na capital acharam que as manifestações programadas assustaram o presidente.

Na época, o prefeito de Londres, Sadiq Khan –que já se envolveu em disputas frequentes com o presidente— escreveu no Twitter que Trump finalmente entendera que não era bem-vindo no Reino Unido.

Embora Trump tivesse culpado a administração Obama pela venda do prédio da embaixada, na realidade foi a administração de George W. Bush que decidiu transferir a embaixada.

Apesar de ter cancelado sua primeira viagem programada ao país, Trump já foi ao Reino Unido duas vezes desde então. Em sua primeira visita de trabalho, em julho do ano passado, milhares de pessoas participaram de um protesto “para barrar Trump” na capital, e um balão inflável na forma de Trump como bebê cor de laranja foi lançado ao céu ao lado da sede do Parlamento.

Então ele eclipsou a rainha.

Em sua segunda visita, que ocorreu neste verão europeu, Trump chamou Khan de “grande perdedor” antes mesmo de desembarcar em solo britânico. Ele foi recebido com mais protestos irados e com o balão de Trump bebê outra vez.

2. América do Sul

Em abril de 2018 Trump cancelou a primeira visita que faria à América Latina como presidente. O cancelamento ocorreu antes de uma cúpula das Américas no Peru.

A Casa Branca disse na época que o presidente precisava permanecer nos Estados Unidos para acompanhar os desdobramentos de um ataque químico que teria ocorrido na Síria.

No Peru, a expectativa era de que Trump fizesse um discurso que um funcionário sênior da administração disse que apresentaria suas prioridades em matéria de segurança nacional dos EUA e da “paz pela força”.

“O presidente vai permanecer nos EUA para comandar a resposta americana à Síria e monitorar os desdobramentos no mundo”, disse Sarah Sanders, confirmando que o vice-presidente Mike Pence compareceria à cúpula no lugar de Trump.

Conforme foi divulgado pelo jornal The Washington Post no ano passado, o cancelamento da viagem presidencial pegou de surpresa alguns dos assessores do presidente, que pensavam que ele cumpriria sua agenda.

3. Cemitério americano na França

Em novembro de 2018 Trump viajou a Paris para participar de cerimônias de homenagem aos sacrifícios militares feitos na Primeira Guerra Mundial.

A primeira escala do presidente e da primeira-dama seria uma visita ao Cemitério Americano Aisne-Marne, na França, onde estão sepultados os mortos da brutal batalha do Bosque de Belleau.

Trump deveria se deslocar até o memorial no helicóptero presidencial Marine One, mas sua ida foi cancelada pela Casa Branca devido ao tempo chuvoso, que teria causado “visibilidade quase zero” –embora as condições do tempo não tivessem impedido outros líderes mundiais, incluindo o canadense Justin Trudeau e a alemã Angela Merkel, de visitar outros locais próximos à capital francesa.

Houve muitas reações negativas à ausência de Trump no cemitério, incluindo por parte do exército francês, que alguns dias mais tarde ironizou o presidente no Twitter.

“Há chuva, mas não tem importância”, tuitou o exército francês ao lado de uma foto de um recruta encharcado de chuva passando por um obstáculo. “Continuamos motivados.”

David Frum, que foi redator de discursos do presidente George W. Bush, expressou sua frustração em uma série de tuítes.

“É inacreditável que um presidente viaje à França para participar desse aniversário importante –e depois fique em seu quarto de hotel assistindo à TV em lugar de ir pessoalmente homenagear os americanos que sacrificaram sua vida na França pela vitória conquistada há cem anos”, escreveu.

4. Davos, Suíça

No início deste ano Trump cancelou sua participação no Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça, citando a paralisação parcial do governo americano como a razão pela qual precisava ficar em Washington.

“Devido à intransigência dos democratas em relação à segurança na fronteira e à grande importância disso para a segurança de nossa nação, estou respeitosamente cancelando minha viagem muito importante a Davos, Suíça, para o Fórum Econômico Mundial”, Trump escreveu no Twitter na época.

Embora sua ausência da conferência tenha significado que Trump não pôde discutir questões globais com outros políticos, ele não foi o único líder mundial a deixar de ir a Davos devido a tensões em seus países.

Theresa May, a primeira-ministra britânica à época, também faltou à conferência, em seu caso para lidar com o brexit –algo que o novo primeiro-ministro, Boris Johnson, agora está tendo que enfrentar.

O presidente francês, Emmanuel Macron, também ficou em casa, em seu caso para lidar com as manifestações dos “coletes amarelos”. E o indiano Narendra Modi faltou ao fórum para preparar-se para a eleição geral em maio, na qual seria o vencedor.

Tradução de Clara Allain

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