Massacre em El Paso é tratado como caso de terrorismo doméstico

Manifesto atribuído a suspeito é tratado como evidência de crime de ódio

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El Paso (EUA) | Reuters

Autoridades norte-americanas estão tratando o ataque a tiros que matou ao menos 20 pessoas em um supermercado da rede Walmart em El Paso, no Texas, como um caso de terrorismo doméstico.

O governador do Texas, Greg Abbott, afirmou que o massacre ocorrido no sábado (3) parece ser um crime de ódio, e a polícia citou um manifesto atribuído ao suspeito como evidência de que o atirador teve motivações raciais no ataque.

A lista de vítimas do ataque inclui seis mexicanos mortos e outros sete feridos, de acordo com o governo do país. El Paso tem 833 mil habitantes, sendo que 81% deles são de origem hispânica. 

A cidade fica na fronteira dos Estados Unidos com o México. Do outro lado, há Ciudad Juárez, com mais de 1,3 milhão de moradores. O local do ataque está a cerca de 16 km da divisa internacional.

Um promotor afirmou que o estado irá pedir pena de morte para o suspeito, Patrick Crusius, um homem branco de 21 anos que vivia em Allen, no subúrbio de Dallas, também no Texas.

As autoridades de El Paso não informaram o que teria levado o suspeito a cometer a ação. No entanto, o chefe de polícia de El Paso, Greg Allen, disse que os investigadores estavam examinando um “manifesto”, indicando que “existe um potencial nexo com um crime de ódio”.

Numa declaração de quatro páginas que teria sido escrita pelo autor do ataque e que foi publicada no 8chan, um fórum de mensagens online usado com frequência por extremistas, chamou o massacre do Walmart de “uma resposta à invasão hispânica do Texas”.

Ele também expressou apoio ao atirador que matou 51 pessoas em duas mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, em março. A rede de notícias  CNN informou que o FBI, a polícia federal dos EUA, havia aberto uma investigação sobre terrorismo doméstico sobre o caso ocorrido no Texas.

A carnificina em El Paso foi classificada como a oitava maior na história moderna dos EUA, atrás de um tiroteio em 1984, em San Ysidro, Califórnia, que matou 21 pessoas.

O massacre de sábado ocorre em meio a um grande debate sobre políticas migratórias no país. Enquanto Trump adota retórica e ações duras contra a imigração, como a proposta da construção de um muro na fronteira com o México, democratas pedem soluções diferentes para a questão.

Diversos pré-candidatos do Partido Democrata acusaram o presidente de ser responsável pelo ataque em El Paso, devido ao discurso inflamado contra imigrantes, principalmente do México e da América Central, o que teria, segundo eles, estimulado atos de ódio como o ocorrido no Texas.

O ataque ocorre menos de uma semana após um jovem de 19 anos invadir a Festa do Alho de Gilroy, um festival gastronômico na Califórnia, e matar a tiros três pessoas. O adolescente, que se matou na sequência, também deixou outras 12 pessoas feridas. 

Os assassinatos no Texas foram seguidos por outro ataque em Dayton, Ohio, em que um homem armado, identificado pela polícia como Connor Betts, 24, matou nove pessoas, incluindo sua irmã de 22 anos, e feriu outras 27 antes de ser morto pela polícia.

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