Os problemas de saúde do presidente Ali Bongo fazem muitos gaboneses se perguntarem quem está no comando do país da África Central, segundo o ex-primeiro-ministro Raymond Ndong Sima.
"O Gabão está em águas turbulentas", afirmou por telefone o ex-premiê, que cumpriu mandato de 2012 a 2014.
"Isso não é ruim apenas internamente mas também externamente. A saúde do presidente é motivo de preocupação porque os investidores têm medo de investir. Honestamente, ninguém sabe quem de fato administra o país."
Bongo sofreu um derrame há quase um ano enquanto participava de uma conferência na Arábia Saudita e passou meses no exterior para se recuperar antes de retornar à capital, Libreville, em março.
A presidência inicialmente sustentou que ele esteve ausente do país por estar gravemente fatigado.
Suas poucas aparições públicas desde então alimentaram especulações generalizadas de que o derrame causou danos permanentes e que pessoas de seu entorno assumiram o controle.
Ativistas da oposição querem que um tribunal ajude a determinar se ele está em condições de governar, mas as audiências foram adiadas.
O gabinete de Bongo disse nesta semana que ele está bem e no processo de recuperar suas "capacidades físicas completas".
O líder de 60 anos usou uma bengala para participar das comemorações do Dia da Independência, na semana passada, andando devagar e com aparente dificuldade.
"Nosso presidente precisa ser forte física e mentalmente, mas o que vimos durante o dia nacional mergulhou o país em maiores incertezas", disse Sima.
Depois disso Bongo viajou para Londres, onde foi hospitalizado, disseram duas pessoas familiarizadas com o assunto, em 2 de setembro.
As pessoas pediram para não serem identificadas porque não estavam autorizadas a falar publicamente sobre o assunto.
A Presidência do Gabão rejeitou o relatório como "notícias falsas" em um comunicado postado no Twitter, dizendo que Bongo está em Londres em uma visita particular e passou por exames médicos de rotina.
Ali Bongo assumiu o poder em 2009, após disputadas eleições realizadas meses após a morte de seu pai, Omar Bongo, chefe de Estado mais antigo da África no momento de sua morte, devido a um câncer, em um hospital em Barcelona.
O governo do Gabão disse inicialmente que ele viajou à Espanha para descansar.
Ali Bongo "trouxe um espírito diferente do pai, mas infelizmente sua saúde parece ter interrompido essa trajetória", disse Sima.
"Queremos que o presidente fique bem logo e volte ao país. Nenhum gabonês de bom senso ficou feliz em ver o estado em que o presidente está atualmente."
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