Chanceler boliviana diz que país terá novas eleições entre março e abril

Karen Longaric afirma que o que ocorreu em seu país 'está longe de ser um golpe'

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Bento Gonçalves

A chanceler do governo interino da Bolívia, Karen Longaric, disse que a nova eleição presidencial deve ocorrer entre março e abril e que será “a eleição mais livre que já houve na Bolívia".

A convocação de um novo pleito está sendo prometida desde que a senadora Jeanine Añez se proclamou presidente interina, em 12 de novembro, ocupando o vácuo de poder deixado após a renúncia de Evo Morales, de seu vice e dos presidentes do Senado e da Câmara.

As últimas eleições realizadas no país, em 20 de outubro, foram marcadas por idas e vindas na contagem de votos e acusação de fraude —um relatório divulgado na quarta-feira (4) pela OEA (Organização dos Estados Americanos) concluiu que houve “ações deliberadas para manipular os resultados", com alteração e queima de atas de votação e falsificação de assinaturas.

Os presidentes Mauricio Macri (Argentina), Jair Bolsonaro (Brasil), Mario Abdo Benítez (Paraguai) e a chanceler do governo interino da Bolívia, Karen Longaric, na cúpula do Mercosul em Bento Gonçalves (RS) nesta quinta (5)
Os presidentes Mauricio Macri (Argentina), Jair Bolsonaro (Brasil), Mario Abdo Benítez (Paraguai) e a chanceler do governo interino da Bolívia, Karen Longaric, na cúpula do Mercosul em Bento Gonçalves (RS) - Ueslei Marcelino/Reuters

Segundo Longaric, os membros do MAS (Movimento para o Socialismo), partido de Evo, estão colaborando com a transição e querem participar do processo eleitoral, “desta vez com uma diretoria renovada, diferente daquela que causou tantos danos às nossas instituições”.

A chanceler disse que o que ocorreu em seu país está “longe de ser um golpe, porque se seguiram os passos da Constituição”.

Quando questionada sobre o fato de a renúncia de Evo não ter sido aprovada pela Assembleia Legislativa, ela respondeu que o ex-presidente, hoje asilado no México, "abandonou o país, abandonou suas funções e pediu refúgio em outro país, ou seja, deu provas suficientes de que sua renúncia era irreversível”.

Longaric conversou com a Folha ao final da Cúpula do Mercosul, na cidade de Bento Gonçalves (RS). No início da plenária dos presidentes, recebeu uma reprimenda da vice-presidente uruguaia, Lucía Topolansky, que havia dito que o “rompimento da ordem democrática” na Bolívia não estava de acordo com as premissas do Mercosul de respeitar o Estado de direito.

Topolansky  manifestou a intenção de acionar a cláusula democrática da OEA. Isso poderia fazer com que a Bolívia, hoje estado associado do Mercosul, ficasse suspensa do bloco.

“O Uruguai teve uma atitude inicial de censura à mudança política que houve na Bolívia, mas eu creio que na plenária tive a oportunidade de explicar a todos como sucederam as coisas e que estamos atuando de acordo com a lei.”

Longaric também disse que o Brasil é um dos países que mais têm apoiado o governo interino de Añez, e que também têm sido importante o respaldo da União Europeia, dos EUA e da própria OEA.

Sobre a violência que tomou as ruas e já deixou pelo menos 33 mortos e centenas de feridos em protestos e enfrentamentos com a polícia, Longaric disse que “a tarefa inicial que este governo se impôs foi a de pacificar o país".

"Os dias antes da mudança de governo e os seguintes foram muito difíceis, e o governo de Añez foi heroico, as dificuldades que enfrentou não tem antecedentes na história da Bolívia.”

Ela ainda acrescentou que “nos grupos de choque integrados por apoiadores mais extremos do MAS também identificamos forças irregulares externas que estavam no país para desestabilizar o nosso governo”.

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