Turistas estrangeiros poderão voltar à Espanha a partir de julho, segundo anunciou neste sábado (23) o primeiro-ministro Pedro Sánchez. Ele põe fim a uma proibição que vigora desde março por causa da pandemia de coronavírus, em mais um passo na direção do desconfinamento no país.
Também assegurou que a liga espanhola de futebol voltará na semana de 8 de junho, depois de interrupção de quase três meses.
"A Espanha fez o que se deve, e agora se abrem novos horizontes para todos. Chegou o momento de recuperar muitas das atividades cotidianas", afirmou o premiê. "O mais duro já passou. A grande onda da pandemia foi superada."
O país foi um dos mais afetados pela crise da Covid-19, com mais de 28 mil mortos e quase 235 mil infectados. O governo de coalizão decretou um confinamento estrito durante mais de dois meses, que começou a ser suavizado há duas semanas.
A gestão da crise provocou, neste sábado, protestos de milhares de pessoas dentro de carros em Madri e outras cidades do país.
Mas Sánchez disse que garantiria que "os turistas não correrão nenhum risco e tampouco trarão riscos" à Espanha.
"Os turistas estrangeiros, portanto, podem desde já planejar suas férias no nosso país. Estamos a um passo da vitória, mas temos que lembrar que o vírus não desapareceu. O que temos que fazer é mantê-lo sob controle. É imprescindível, diria até vital, não relaxarmos", alertou o primeiro-ministro espanhol.
As carreatas contra o governo foram convocadas pelo partido de extrema direita Vox, para denunciar a gestão da crise do coronavírus pelo governo de esquerda de Sánchez.
Em Madri, milhares de carros e motocicletas com bandeiras espanholas, circulando lentamente, percorreram ao meio-dia as grandes avenidas no centro da capital, com manifestantes tocando a buzina e gritando "Sánchez renuncie!" ou "Liberdade!".
O governo "não conseguiu proteger seu povo, seus idosos e seus trabalhadores da saúde", denunciou o líder do Vox, Santiago Abascal, em um ônibus de dois andares em Madri. Ele também acusou o executivo de ser uma "ameaça à liberdade da Espanha".
Sánchez enfrenta panelaços em várias cidades há vários dias. Os manifestantes acusam o governo de limitar as liberdades individuais e de incompetência diante da pandemia.
"Eles se tornaram assassinos de 40 mil pessoas, porque se não fosse o governo de Sánchez, isso não teria acontecido, haveria muito menos mortes", considerou Carlos De Lara, um comerciante de 43 anos que veio se manifestar com seu pai, de 68 anos, convencidos de que o balanço oficial de vítimas está subestimado.
Muitos manifestantes criticam o rigoroso confinamento em vigor em grande parte da Espanha, principalmente em Madri e Barcelona, onde as medidas só começarão a ser levantadas na segunda-feira.
"Médias e pequenas empresas estão afundando", disse Ignacio González, 23, estudante de engenharia que carregava uma grande bandeira espanhola em um carro com dois amigos.
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