Protestos antirracismo nos EUA têm confronto em Seattle e uma morte em Austin

Atos em diferentes cidades prestaram solidariedade aos manifestantes de Portland, que enfrentam agentes federais

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São Paulo

Os Estados Unidos vivem mais um fim de semana de protestos em várias cidades contra o racismo e a violência policial. Houve violência em Seattle, e uma pessoa morreu baleada em Austin, no Texas.

No sábado (25), foram completados dois meses da morte de George Floyd, sufocado por um policial branco em maio. O caso gerou uma onda de protestos contra o racismo que se espalhou pelo país.

Depois de um levante contra estátuas ligadas à escravidão, o tema central dos atos passou a ser a revolta contra o envio de tropas federais para conter os protestos, especialmente na cidade de Portland.

Policial empurra manifestante durante protesto em Seattle - David Ryder - 25.jul.2020/AFP

A cidade do Oregon, na costa oeste, tem protestos diários há 59 dias seguidos. No sábado, os manifestantes marcharam até um hotel que abriga os agentes federais. Houve ataques com lasers, que miravam os olhos dos policiais.

Na madrugada de domingo, a polícia dispersou o ato em Portland com gás lacrimogêneo.

Em Austin, no Texas, uma pessoa morreu após tiros serem disparados durante um protesto —e o atirador foi preso.

Um vídeo da cena mostra um carro buzinando enquanto os manifestantes marcham. Em seguida, são ouvidos disparos.

Segundo a polícia, os tiros que mataram a vítima vieram de dentro de um carro, e os disparos podem ter ocorrido depois que o homem teria se aproximado do veículo com um rifle.

Em Seattle, também na costa oeste, dezenas de pessoas foram presas, e policiais ficaram feridos em meio ao maior protesto do movimento Black Lives Matter (vidas negras importam) em várias semanas.

Alguns manifestantes colocaram fogo em uma área em construção que abrigará um centro de detenção juvenil. Depois disso, a polícia usou armas não letais para dispersar os milhares de manifestantes.

Às 22h (2h de domingo em Brasília), a polícia disse ter prendido 45 pessoas e informou que 21 agentes haviam ficado feridos, após serem atingidos por tijolos, pedras e bombas.

Área de construção de um centro de detenção juvenil, que foi incendiada por manifestantes em Seattle - David Ryder - 25.jul.2020/AFP

Atos em outras cidades, como Nova York, Oakland e Richmond, também prestaram solidariedade aos ativistas de Portland.

Houve confrontos em frente a um tribunal de Justiça federal em Los Angeles. Em Omaha, também na Califórnia, cerca de cem pessoas foram presas, segundo a mídia local.

Em Aurora, no Colorado, uma pessoa foi baleada e um motorista tentou jogar o carro contra os manifestantes.

Ainda no sábado, um grupo de manifestantes negros armados protestou em Louisville, no estado do Kentucky, exigindo justiça para Breonna Taylor, uma mulher negra morta em março por policiais que invadiram seu apartamento.

Inúmeros manifestantes, vestidos com uniformes paramilitares e levando fuzis semiautomáticos e espingardas, caminharam até uma intersecção onde a polícia os separava de um grupo menor de manifestantes contrários.

O protesto foi pacífico, mas três pessoas foram hospitalizadas com ferimentos leves após uma arma disparar acidentalmente.

A crise de Portland

Os atos antirracistas após a morte de Floyd passaram a atacar monumentos em homenagem a figuras históricas ligadas à escravidão e ao colonialismo.

Em junho, o presidente Donald Trump, que critica os protestos, emitiu uma ordem executiva para aumentar a proteção a estátuas e a monumentos federais. E ordenou o envio de agentes federais às cidades, para fazer a segurança dessas instalações.

Em Portland, esses agentes foram flagrados agindo de modo violento contra manifestantes nas ruas.

Vídeos que se espalharam pela internet mostrando agressões e prisões sem justificativa mobilizaram mais manifestantes a irem para as ruas e geraram reações de líderes do Partido Democrata.

Na semana passada, Trump anunciou o envio de mais agentes federais para Seattle e outras cidades —o que acirrou ainda mais os ânimos.

O envio dessas tropas é alvo de questionamento do inspetor-geral do Departamento de Justiça, que abriu investigação sobre uso de força excessiva pelos policiais, e levou um juiz federal a baixar uma liminar limitando o uso da força e proibindo os agentes de prenderem jornalistas e observadores.

A atuação das forças federais contra manifestantes é mais um componente na corrida presidencial nos meses que precedem a eleição, em novembro.

Trump, que aparece atrás de seu rival, o democrata Joe Biden, na corrida à Casa Branca, tem usado os protestos antirracistas e o debate em torno dos símbolos nacionais para mobilizar sua base.

O republicano, que concorre à reeleição em 3 de novembro com um discurso de “lei e ordem”, ameaça enviar mais forças federais para cidades governadas por prefeitos democratas, que ele acusa de não combaterem o crime.

Prefeitos, como os de Nova York e Chicago, criticam duramente a ideia, pois veem o risco de mais confrontos e mortes causadas por forças de segurança —justamente o que os manifestantes exigem que não aconteça mais.

Com informações de Reuters e The New York Times.

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