Sérvia e Kosovo fecham acordo para normalizar relações econômicas

Diálogo teve mediação do governo Trump; Belgrado não reconhece a província separatista

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Washington e Jerusalém | Reuters

Sérvia e Kosovo concordaram em normalizar os laços econômicos, afirmou o presidente dos EUA, Donald Trump, nesta sexta-feira (4) —elogiando o que chamou de "grande avanço" mais de uma década depois de Kosovo declarar independência da Sérvia.

Falando no Salão Oval da Casa Branca com o presidente sérvio e o premiê de Kosovo, Trump disse que Belgrado se comprometeu a transferir sua embaixada em Israel para Jerusalém, e Kosovo e Israel concordaram em normalizar laços e estabelecer relações diplomáticas.

O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa antes de o premiê do Kosovo, Avdullah Hoti (dir.) e o presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic (esq.), assinarem um acordo de normalização das relações econômicas
O presidente Donald Trump se reúne com o premiê do Kosovo, Avdullah Hoti (dir.) e o presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic (esq.) - Brendan Smialowski/AFP

O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou nesta quinta que Kosovo também abrirá uma embaixada em Jerusalém —seria a primeira representação diplomática na cidade de um território de maioria muçulmana.

O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Robert O'Brien, que participou das reuniões entre Sérvia e Kosovo, disse que o pacto sobre a expansão dos laços econômicos pode abrir o caminho para soluções políticas no futuro.

O anúncio foi feito após dois dias de negociações, com a participação de assessores de Trump, e acontece poucas semanas depois da celebração do acordo histórico entre Israel e os Emirados Árabes Unidos, que normalizaram suas relações diplomáticas.

O presidente sérvio, Aleksander Vucic, disse que ainda há muitas diferenças entre seu país e a província separatista, mas acrescentou que houve um grande avanço. O primeiro-ministro do Kosovo, Avdullah Hoti, afirmou que o pacto deve levar ao reconhecimento mútuo entre os dois.

Kosovo, de maioria étnica albanesa, declarou independência da Sérvia em 2008, após uma campanha de bombardeios liderada pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para conter a guerra étnica.

Belgrado, apoiada por seu grande aliado eslavo e cristão ortodoxo, a Rússia, não reconhece a independência da província, uma pré-condição para a futura adesão de Belgrado à União Europeia (UE).

O Brasil, a China e a ONU adotam o mesmo posicionamento e consideram Kosovo uma província separatista da Sérvia. No entanto, mais de 90 países, incluindo EUA, Reino Unido, Portugal, Alemanha e Japão, tratam Kosovo como um Estado independente.

Um alto funcionário da UE disse na segunda-feira (31) que as tratativas lideradas pelo bloco, que foram interrompidas em 2018 e retomadas em julho, podem levar a um acordo mais amplo nos próximos meses.

As negociações nos EUA haviam sido marcadas para junho, mas foram adiadas depois que o presidente de Kosovo, Hashim Thaci, foi indiciado por supostos crimes de guerra durante o levante de 1998-1999 contra o domínio sérvio. Ele nega as acusações.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.