Tailândia bane aglomerações de mais de 5 pessoas após atos antigoverno

Tropa de choque dispersou milhares de manifestantes em Bancoc

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Bancoc (Tailândia) | Reuters

A polícia de choque dispersou milhares de tailandeses que protestavam do lado de fora do gabinete do primeiro-ministro, Prayuth Chan-ocha, na manhã de quinta-feira (15, quarta à noite no Brasil), pouco depois de um decreto de emergência entrar em vigor.

Na dia anterior, milhares de manifestantes haviam acampado em frente ao local em mais um episódio da escalada de três meses de protestos contra o governo.

Alguns deles tentaram resistir usando barricadas improvisadas de latas de lixo, mas foram rapidamente contidos. Ao amanhecer, centenas de policiais ocuparam as ruas próximas, e funcionários municipais começaram a limpar o local. Pelo menos três líderes do protesto foram presos, segundo a ONG Advogados Tailandeses pelos Direitos Humanos. A polícia não comentou o episódio.

Manifestantes pró-democracia marcham até a Casa do Governo, em Bancoc
Manifestantes pró-democracia marcham até a Casa do Governo, em Bancoc - Lillian Suwanrumpha/AFP

O governo disse que agiu diante da crescente desordem da manifestação e devido à obstrução da passagem do cortejo do rei Maha Vajiralongkorn, que visita o país —ele passa a maior parte do tempo na Alemanha. "É extremamente necessário introduzir uma medida urgente para acabar com esta situação de forma eficaz e rápida para manter a paz e a ordem", anunciou a televisão estatal.

O decreto de emergência proíbe reuniões de cinco ou mais pessoas e permite que as autoridades impeçam as pessoas de entrar em qualquer área que designem.

A medida também veta a "publicação de notícias, outras mídias e informações eletrônicas que contenham mensagens que possam criar medo ou distorcer informações intencionalmente, criando mal entendidos que afetarão a segurança nacional ou a paz e a ordem".

Os manifestantes pedem uma nova Constituição, restrições aos poderes do rei e a saída de Prayuth, que assumiu o poder por meio de um golpe militar em 2014.

Eles dizem que o primeiro-ministro manipulou as eleições no ano passado para garantir que o Exército continuasse controlando o sistema. Prayuth nega a acusação e afirma que as eleições foram justas.

Os manifestantes pedem ainda que o rei devolva o controle das unidades do Exército que tomou para si, assim como a fortuna real avaliada em dezenas de bilhões de dólares.

Na quarta, a polícia instou os manifestantes a se dispersarem. "Este não é um protesto pacífico", disse o porta-voz da polícia Kissana Phathanacharoen. "Os manifestantes violaram continuamente a lei."

Na Casa do Governo, alguns manifestantes gritaram insultos a imponentes retratos do rei —um ato punível com até 15 anos de prisão sob as rígidas leis de lesa-majestade da Tailândia.

Mais cedo, dezenas de milhares de pessoas marcharam até a sede do governo, segundo estimativa de jornalistas da Reuters. Os manifestantes calculam o número em mais de 100 mil e dizem que foi a maior manifestação até então. A polícia fala em 8.000 pessoas.

Ainda nesta quarta, a multidão se reuniu no Monumento à Democracia de Bancoc, onde enfrentou partidários da família real, vestidos de camisas amarelas, que esperavam ter um raro vislumbre do rei.

Caminhões municipais trouxeram centenas de trabalhadores para se juntar à multidão pró-monarquia. Um homem entre eles pareceu simpatizar com os atos, fazendo a saudação de três dedos que se tornou o símbolo de resistência contra o establishment político. Os manifestantes correram para apertar sua mão.

A maioria dos monarquistas dispersou-se rapidamente após a passagem da carreata que transportava o rei. Mais tarde, alguns manifestantes desaceleraram um comboio que levava a rainha Suthida, fazendo a saudação de três dedos e gritando "saia" para a polícia que protegia o veículo.

Vídeos nas redes sociais mostram a rainha sorrindo pela janela do carro. Um líder monarquista, Buddha Issara, disse que os manifestantes podem pedir democracia, mas não devem exigir reformas da monarquia, como alguns fizeram. "Eles não devem tocar na instituição", disse ele a repórteres.

O palácio real não respondeu a pedidos de comentários sobre os atos e as exigências dos manifestantes

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