Descrição de chapéu Eleições EUA 2020

FBI investiga ligações automáticas que pedem a eleitores que fiquem em casa

Chamadas de robôs alcançaram 280 dos 317 códigos de área do país nos últimos dias

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São Paulo

O FBI, a polícia federal dos EUA, investiga uma série de ligações automáticas pedindo às pessoas que fiquem em casa no dia da eleição. Nos últimos dias, 280 dos 317 códigos de área do país receberam telefonemas do tipo, segundo levantamento da empresa YouMail. "Olá. Esta é apenas uma chamada de teste. É hora de ficar em casa. Fique seguro e fique em casa", diz uma das vozes pré-gravadas.

Segundo o jornal The Washington Post, foram feitas mais de 10 milhões dessas ligações pelo país.

Autoridades estaduais dos EUA afirmam acreditar que as chamadas são parte de ao menos duas ações coordenadas do exterior, ainda que a origem da operação não esteja clara. O FBI não comenta a apuração.

Segundo Giulia Porter, vice-presidente da empresa RoboKiller —que combate telemarketing e ligações automáticas—, as chamadas foram feitas milhões de vezes nos últimos 11 meses ou mais, e nesta terça-feira saltaram para a quinta posição na lista das principais ligações de spam.

Houve ainda ações locais que parecem ter objetivos similares. Em Michigan, um telefonema automático na cidade de Flint pedia às pessoas que votassem na quarta-feira (4) para evitar filas longas —o que, na prática, faria com que elas perdessem o prazo para participar da eleição.

A governadora do estado, a democrata Gretchen Whitmer, prometeu tomar providências, e a procuradora-geral de Michigan, Dana Nessel, manifestou-se no Twitter: “Obviamente isso é FALSO e uma tentativa de suprimir votos. Não caiam nessa”.

A rede de notícias CNN informou que um de seus funcionários da região de Atlanta, no estado da Geórgia, recebeu uma dessas ligações, e um dos organizadores da eleição no estado de Nebraska está alertando eleitores para desconsiderar o telefonema. Ainda segundo a CNN, o número de origem parece ser falso, indicando que o responsável pelas ligações alterou os dados de cadastro.

Em Nova York, a procuradora-geral do estado, Letitia James, já despachou intimações para investigar a origem das chamadas. As ligações vêm na esteira de uma série de tentativas de interferência na eleição do país. Em outubro, eleitores cadastrados na lista de emails do Partido Democrata em ao menos quatro estados receberam mensagens ameaçadoras (“Vote em Trump ou iremos atrás de você”).

Os emails foram disparados de servidores na Estônia, na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos. Segundo autoridades de segurança nacional do governo, eles seriam de autoria do Irã e da Rússia e teriam aproveitado uma falha no site do Partido Democrata que os permitiu ter acesso à lista de contatos.

Ainda dentro de estratégias para suprimir o direito ao voto, o próprio Partido Republicano admitiu ter distribuído urnas falsas na Califórnia, também em outubro, como tentativa de ludibriar os eleitores que fossem votar com antecedência.

O voto nos Estados Unidos não é obrigatório, e um dos maiores desafios dos candidatos é motivar os eleitores a saírem de casa. É cada vez mais comum que grupos partidários busquem desestimular potenciais eleitores adversários a irem às urnas, seja de forma oficial, com exigências que dificilmente podem ser cumpridas, ou com esquemas de intimidação.

As ligações automáticas também são um dilema nacional: apenas em outubro, os americanos receberam quatro bilhões de chamadas de robôs em todo o país.

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