Polícia de Ohio mata segundo homem negro em menos de um mês

Andre Hill, 47, estava desarmado quando agente disparou

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Washington | AFP e Reuters

Um homem negro foi morto por um policial branco em Columbus, no estado de Ohio —foi o segundo caso em menos de três semanas nessa cidade do norte dos Estados Unidos, alimentando a indignação em um país que há meses vive um histórico movimento antirracista e contra a violência policial.

Andre Maurice Hill, 47, estava numa garagem na noite de segunda-feira (21) quando foi baleado várias vezes pelo policial Adam Coy.

pessoas vestidas com roupas de inverno levantam as mãos com os punhos fechados e carregam cartazes com os dizeres, em inglês: "Maurice Hill, say his name" e "Justiça para Andre Hill"
Manifestantes protestam contra a morte do homem negro Andre Hill, em Columbus, no estado de Ohio - Stephen Zenner - 24.dez.20/AFP

As imagens da câmera acoplada à farda de Coy mostram Hill caminhando em direção a ele com um celular na mão esquerda, enquanto a outra permanece oculta. Segundos depois, o oficial atira e o civil cai. Não se ouve nenhum som que explique as circunstâncias do disparo.

O policial e seu colega esperaram vários minutos antes de se aproximarem da vítima, que morreu mais tarde no hospital. Eles foram ao local após a polícia receber uma denúncia de que um homem estava ligando e desligando um carro por um longo período, segundo a corporação.

Coy foi suspenso. Segundo a mídia local, já havia denúncias contra ele por uso excessivo da força.

O chefe da polícia da cidade, Thomas Quinlan, anunciou na quinta-feira (24) a abertura de um processo de grave má conduta contra Coy. Ele será ouvido na segunda-feira (28) pelo diretor de segurança pública da cidade, Ned Pettus.

"Temos um oficial que violou seu juramento de obedecer às regras e políticas da polícia de Columbus", explicou Quinlan em um comunicado.

"As consequências dessa violação são de tal gravidade que requerem ação imediata. Essa transgressão custou a vida a um homem inocente."

O prefeito de Columbus, Andrew Ginther, disse estar indignado com a morte de Hill e muito perturbado pelo fato de nenhum dos policiais ter prestado primeiros socorros. Ele pediu a demissão imediata de Coy.

Dezenas de pessoas protestaram na tarde de quinta-feira, véspera de Natal, no bairro onde Hill foi morto para denunciar a violência policial e exigir justiça.

Hill, que estava desarmado, foi o segundo americano negro morto pela polícia em menos de três semanas em Columbus.

Casey Goodson Jr., 23, foi baleado várias vezes em 4 de dezembro enquanto voltava para casa depois de comprar sanduíches. Centenas de manifestantes protestaram pacificamente no centro da cidade uma semana após sua morte.

As autoridades federais abriram uma investigação sobre o assassinato de Goodson.

As mortes acontecem em um momento em que os Estados Unidos são marcados por protestos históricos contra a injustiça racial e a brutalidade policial desencadeados pelo assassinato de George Floyd em maio.

Floyd, também um homem negro desarmado, foi asfixiado sob o joelho de um policial branco em Minneapolis, no estado de Minnesota. Pessoas que passavam pelo local gravaram sua morte, e o vídeo rapidamente viralizou.

"Mais uma vez os policiais veem um homem negro e concluem que ele é criminoso e perigoso", criticou na quarta-feira (23) o advogado Ben Crump, que defende várias famílias de vítimas, incluindo a de Floyd.

Com Hill, são 96 as vítimas negras mortas nas mãos de policiais desde Floyd, afirmou o advogado, denunciando "uma trágica sucessão de ataques"

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