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Cúpula do Mercosul em formato virtual adia 1º encontro de Bolsonaro e Fernández

Argentina também amplia restrições a voos vindos do Brasil

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Buenos Aires

A chancelaria argentina anunciou na tarde deste sábado (13) uma mudança nos planos para a Cúpula do Mercosul, marcada para 26 de março. Em vez de ser presencial, o evento que marcará os 30 anos de lançamento do bloco será virtual, "devido à situação sanitária de vários países da região".

Os líderes dos países-membros do grupo já tinham confirmado a visita. A Argentina exerce a presidência temporária do bloco, que inclui também Brasil, Paraguai e Uruguai como integrantes plenos. Outros sete países sul-americanos são membros associados.

O presidente argentino, Alberto Fernández, durante evento no México
O presidente argentino, Alberto Fernández, durante evento no México - 23.fev.21/Xinhua

O anúncio foi feito depois de uma decisão do governo, na sexta-feira (12), de reduzir os voos internacionais de países que apresentam a nova variante do coronavírus, entre os quais o Brasil.

Em janeiro, a Argentina já havia reduzido a frequência entre os dois países em 50%. Agora, haverá uma redução de mais 20% sobre o total atualmente em circulação. A medida vale ao menos até 9 de abril.

A cúpula era aguardada também porque seria o primeiro encontro presencial entre o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e o líder argentino, Alberto Fernández. Em uma transmissão ao vivo, em 4 de março, Bolsonaro disse que gostaria de ter com o argentino "uma conversa reservada". "Nós dois num canto."

A relação entre os mandatários é marcada por rusgas e distância. Bolsonaro fez campanha para o adversário de Fernández, Mauricio Macri, na eleição de 2019. Depois da vitória do peronista, o brasileiro afirmou que não cumprimentaria o argentino e fez diversas críticas ao retorno do kirchnerismo ao país vizinho, o que identificou como uma guinada de rumo da Argentina "em direção à Venezuela".

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, foi ainda mais explícito. Em setembro, afirmou que o que estava acontecendo na Argentina devido à longa quarentena imposta por Fernández era uma "calamidade" e que o país tinha sido "destruído por seu governo socialista em poucos meses".

A partir de novembro, porém, houve uma aproximação entre os países, depois que o embaixador Daniel Scioli se instalou em Brasília. A primeira conversa entre os dois presidentes foi realizada em dezembro, um ano após a posse de Fernández. No encontro virtual, o presidente argentino pediu que as diferenças do passado fossem deixadas para trás e que "o futuro seja encarado com as ferramentas que funcionam bem" para os dois países, “potencializando todos os pontos de acordo”.

Na ocasião, Fernández defendeu o aprofundamento da integração no Mercosul, enquanto Bolsonaro ressaltou as metas de reduzir a TEC (Tarifa Externa Comum) e ampliar os acordos comerciais do bloco.

Esses dois temas contrapõem o governo peronista na Argentina e a administração Bolsonaro. Os argentinos resistem a baixar a TEC, sob o argumento de que essa decisão prejudicaria sua indústria nacional, e, por isso, têm colocado travas às negociações de tratados comerciais.

A TEC é um imposto de importação partilhado entre os sócios do Mercosul e precisa da anuência dos quatro membros para ser reformada. Por isso, ainda que tenha chamado o bloco de "nosso pilar de integração", Bolsonaro destacou a necessidade de criar "mecanismos mais ágeis e menos burocráticos".

O Mercosul vive um momento delicado diante da diferença de opiniões dos seus dois maiores sócios. Enquanto o Brasil prega maior abertura comercial, os argentinos adotam postura mais protecionista.

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