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Colômbia acusa ex-militar e dissidentes das Farc baseados na Venezuela por ataque a Duque

Helicóptero com presidente foi baleado durante visita a região fronteiriça no mês passado

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Bogotá | AFP e Reuters

As autoridades colombianas afirmaram nesta quinta-feira (22) que o ataque contra o helicóptero em que o presidente Iván Duque viajava no fim de junho foi planejado da Venezuela por um ex-militar colombiano e dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

A aeronave presidencial foi baleada várias vezes enquanto se aproximava de um aeroporto na cidade de Cúcuta, na fronteira com a Venezuela, durante uma visita após um atentado de carro-bomba contra uma instalação militar na região. O presidente e os acompanhantes saíram ilesos.

Helicóptero da Força Aérea colombiana em que estava o presidente Iván Duque foi baleado na região da fronteira com a Venezuela
Helicóptero da Força Aérea colombiana em que estava o presidente Iván Duque foi baleado na região da fronteira com a Venezuela - Presidência da Colômbia - 25.jun.21/AFP

Em nota, o ministro da Defesa, Diego Molano, anunciou que três acusados foram presos. Um deles é Andrés Fernando Medina, capitão aposentado do Exército colombiano que teria desenhado e executado o plano contra Duque, segundo o procurador-geral, Francisco Barbosa.

De acordo com as primeiras investigações, dois fuzis AK-47 com a marca das Forças Armadas venezuelanas foram encontrados na área do ataque. Os detidos pelo ataque contra Duque também estavam por trás do carro-bomba que explodiu em 15 de junho em um quartel do Exército, deixando 44 feridos —não houve mortos.

Barbosa acrescentou que por trás dos dois eventos está a 33ª frente de dissidentes das Farc, liderada por um homem que atua sob o pseudônimo João Mechas. Além do ex-militar e seus cúmplices, outras sete pessoas foram presas por suposta participação no ataque ao quartel.

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A base usada pela 30ª Brigada do Exército, no bairro de San Rafael, é a mais importante desta zona da fronteira entre Colômbia e Venezuela, pois dali são coordenadas as operações contra grupos ilegais.

Altamente militarizada de ambos os lados, a região da divisa da Colômbia com a Venezuela tem sido palco de enfrentamentos entre grupos criminosos locais, guerrilhas e suas dissidências. Apesar do acordo de paz com as Farc, os militares do país continuam a enfrentar membros do Exército de Libertação Nacional (ELN), gangues e ex-integrantes das Farc que rejeitam o pacto —todos eles atuam na província de Norte de Santander, onde a 30ª Brigada opera.

Duque acusou repetidamente o ditador Nicolás Maduro de abrigar dissidentes e tropas do ELN em território venezuelano. “É necessário fazer uma reflexão à comunidade internacional [...]: o regime de Maduro continua abrigando terroristas, de onde planejam ataques às instituições colombianas”, destacou Molano. Sem relações diplomáticas desde 2019, os dois países compartilham uma fronteira de 2.200 km.

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, usou seu Twitter para responder ao ministro colombiano. “Mais uma vez, eles usam a Venezuela para tentar esconder a tragédia de seu país”, escreveu, acrescentando que a Colômbia está tomada por violência e grupos armados, com uma economia dependente do tráfico de drogas.

A ditadura de Maduro também acusa Duque de infiltrar pela região de Cúcuta “agentes desestabilizadores", supostamente enviados pelos EUA, para atacar o regime. Além da importância militar, a região é um dos principais pontos de saída de refugiados da Venezuela e tem grande relevância geopolítica.

No local também transitam as famosas "trochas", pelas quais passam contrabando de drogas, combustível e outros bens. A Colômbia, maior exportador mundial de cocaína, enfrenta o pior surto de violência desde a assinatura do acordo de paz com as Farc.

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