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Chefe militar dos EUA diz que 'nada indicava' colapso do governo afegão em 11 dias

Mark Milley e secretário de Defesa afirmam que situação no país é segura, apesar de incidentes

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São Paulo

O general Mark Milley, chefe do Estado-Maior dos EUA, disse nesta quarta-feira (18) que relatórios de inteligência não indicavam que a queda do governo do Afeganistão com o avanço do grupo rebelde Taleban se daria tão rapidamente.

“Não havia nada que eu ou qualquer outra pessoa tenha visto que indicava um colapso do Exército e do governo em 11 dias", disse o general, em entrevista coletiva ao lado do secretário de Defesa, Lloyd Austin —a primeira dos dois desde que o grupo fundamentalista islâmico voltou ao poder no Afeganistão.

Segundo o general, diferentes relatórios de inteligência indicavam a possibilidade de três cenários: a tomada taleban seguida de um rápido colapso do governo afegão; uma guerra civil; e uma negociação para transição de poder. “O tempo para um rápido colapso foi estimado em semanas, meses e mesmo anos após a nossa partida.”

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin (à esq.), e o general Mark Milley em entrevista coletiva em Arlington sobre a situação do Afeganistão
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin (à esq.), e o general Mark Milley em entrevista coletiva em Arlington sobre a situação do Afeganistão - Alex Wong/Getty Images/AFP

A declaração vem na esteira da publicação de uma reportagem do jornal americano The New York Times sobre relatórios de inteligência elaborados nos últimos meses que indicavam o colapso do governo afegão, enquanto o presidente Joe Biden dizia ser improvável que isso acontecesse com tanta rapidez.

Apesar do registro, nesta quarta, de novas confusões com feridos no aeroporto de Cabul, em uma corrida de afegãos para sair do país, Lloyd Austin e Mark Milley disseram que a situação local é segura. Segundo eles, a prioridade dos EUA é garantir a segurança para a retirada de pessoas —das que tiverem permissão para sair.

Lloyd, que destacou sua ligação pessoal com o conflito, pois chefiou divisões no país da Ásia Central durante dois anos, afirmou que não houve interações hostis com os talebans e que a comunicação com os comandantes do grupo seguem abertas, “como deve ser”.

Segundo Milley, são os combatentes que têm providenciado a passagem segura para pessoas que tenham permissão de deixar o país —em resumo, americanos e detentores de vistos de imigrante.

O secretário de Defesa deixou claro, porém, que os militares americanos não têm capacidade de auxiliar quem deseja chegar ao aeroporto de Cabul, já que o foco tem sido garantir a segurança do espaço aéreo.

Um pouco mais tarde, o presidente Joe Biden disse, à rede ABC, que, enquanto houver cidadãos americanos no país, as tropas permanecerão —até que todos sejam repatriados. Questionado pelo entrevistador sobre um adiamento do prazo, o democrata explicou que a meta continua sendo 31 de agosto. "Se não conseguirmos [retirar todos antes disso], vamos decidir naquele momento."

Já o chefe do Estado-Maior reconheceu a existência do risco imposto por civis desarmados, como os que cercaram o cargueiro militar C-17 em uma tentativa desesperada de embarcar para fugir do país —o caos que tomou o aeroporto da capital na segunda (16) deixou ao menos sete mortos.

A ofensiva taleban começou logo após o Biden anunciar, em abril, uma data limite (11 de setembro) para a retirada das tropas americanas. O presidente, pouco tempo depois, adiantou a saída para 31 de agosto, enquanto a apreensão entre os afegãos aumentava, em especial os que trabalharam para os americanos.

A partir do primeiro dia de agosto, o grupo extremista intensificou seu avanço, conquistando importantes cidades e capitais de províncias, até selar sua vitória com a tomada de Cabul no domingo (15).

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As cenas de caos e desespero que se seguiram atingiram a imagem do governo de Biden, que, por sua vez, lavou as mãos e disse que a missão no país sempre foi lutar contra o terrorismo, e não trabalhar para a construção de uma nação. Nesta quarta, Milley não contradisse o chefe e jogou qualquer avaliação para o futuro. “Haverá muito tempo para fazer AARs [revisões pós-ação, na sigla em inglês], e agora não é o momento”, disse. “Agora temos que focar essa missão porque há soldados, cidadãos americanos e afegãos que nos apoiaram em risco. Isso é pessoal e vamos tirá-los [do país].”

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