Um homem fardado corre em direção a um bloco de concreto e o atravessa, quebrando-o com a cabeça. Outro, musculoso e sem camisa, luta contra colegas com grandes pedaços de madeira. Mais cinco militares estendem o braço para serem atingidos com marteladas. Todos parecem inabaláveis durante os desafios.
As cenas, que lembram uma produção de Bruce Lee, integraram uma demonstração de força do Exército norte-coreano na última segunda-feira (11), nas comemorações do 76º aniversário do Partido dos Trabalhadores da Coreia.
Habituado a realizar desfiles militares para apresentar ogivas nucleares e mísseis balísticos, em uma exibição de poderio bélico, o regime somou a uma exposição de tanques e artefatos militares, aberta em Pyongyang, essa espécie de show de artes marciais, exibido pela TV estatal.
O ditador Kim Jong-un esteve no evento e, nas cenas divulgadas pela mídia do país, aparece sorridente, em tom de aprovação. Ele estava acompanhado da irmã Kim Yo-jong, de influência crescente no regime, que hoje supostamente lidera os esforços de propaganda do país.
A exibição incluiu ainda homens saltando alto e quebrando blocos de concreto com os pés e um militar sem camisa deitando sobre cacos de vidro e sustentando um bloco pesado com a barriga.
“Se o inimigo se atrever a invadir nossas terras, esses soldados se transformarão em punhos de ferro e monstros na velocidade da luz para proteger a paz da pátria-mãe”, disse a locutora da TV estatal, durante a transmissão do evento.
As artes marciais, entre elas o taekwondo, são uma tradição norte-coreana, inclusive em esforços para exibir poderio militar. Na guerra das Coreias, quando as Forças de ambos os países tinham armas pouco sofisticadas, demonstrações de artes marciais eram organizadas para aumentar o moral dos combatentes.
Pyongyang enfrenta múltiplas sanções internacionais por seus programas nuclear e balístico, que avançaram sob a tutela de Kim Jong-un. O país abandonou negociações envolvendo o programa em 2019, depois do fracasso da segunda reunião de cúpula entre o líder norte-coreano e o então presidente dos EUA, Donald Trump.
Em setembro, a tensão na península coreana aumentou, com Pyongyang e Seul realizando disparos de mísseis balísticos. Os sistemas do Norte foram alvo de sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
No início de outubro, as duas Coreias restabeleceram canais de comunicação que haviam sido interrompidos pelo Norte em sinal de protesto contra exercícios militares entre as Forças Armadas da Coreia do Sul e dos EUA.
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