O Japão vai adicionar US$ 6,75 bilhões (R$ 37,7 bilhões) ao já recordista gasto militar anual do país, numa corrida para reforçar suas defesas aéreas e marítimas, à medida que os temores em relação às ameaças representadas por China e Coreia do Norte aos nipônicos crescem.
O governo do premiê Fumio Kishida aprovou a verba extra nesta sexta (26) como parte de um orçamento suplementar e, embora acréscimos a gastos de defesa sejam comuns, os 774 bilhões de ienes representam a maior quantia para o setor na história, segundo o Ministério da Defesa do Japão.
"Enquanto a situação de segurança em torno do Japão piora em uma velocidade sem precedentes, nossa tarefa urgente é acelerar a implementação de diversos projetos", disse a pasta sobre a proposta de gastos.
A injeção de dinheiro permitirá ao Japão, três meses antes do planejado, atualizar seus lançadores de mísseis terra-ar em ilhas na orla do Mar da China Oriental e baterias de mísseis Patriot PAC-3 em outros lugares, a última linha de defesa contra qualquer ogiva norte-coreana.
A pressão crescente da China sobre Taiwan também causa nervosismo a Tóquio porque o controle da ilha por Pequim levaria as forças chinesas a cerca de 100 quilômetros de seu território e ameaçaria as principais rotas comerciais marítimas que abastecem o Japão com petróleo e outros produtos. Também daria a Pequim bases para acesso irrestrito ao oeste do Pacífico.
De acordo com o Ministério da Defesa, os gastos extras também permitirão ao Japão adquirir mais rapidamente mísseis antissubmarinos, aviões de patrulha marítima e aeronaves de carga. A decisão de aumentar a verba ocorre depois de o partido de Kishida incluir, em outubro, nas promessas eleitorais, uma meta para quase dobrar os gastos do setor de defesa para 2% do PIB.
Por décadas, a pacífica nação manteve os gastos da área em até 1% do PIB, aliviando as preocupações internas e externas sobre qualquer renascimento do militarismo que levou o país à Segunda Guerra.
O plano de gastos extras aprovado pelo governo de Kishida nesta sexta inclui, ainda, pré-pagamentos a fornecedores de equipamentos de defesa, numa tentativa de ajudá-los a lidar com interrupções provocadas pela pandemia de coronavírus que afetaram suas finanças. As verbas do plano, combinadas aos gastos com defesa aprovados para o ano até 31 de março, chegam a cerca de 1,3% do PIB japonês.
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