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China faz patrulha militar em Taiwan durante visita surpresa de deputados dos EUA

Forças de Pequim sobrevoaram território da ilha em resposta à presença de delegação americana em Taipé

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Taipé | AFP e Reuters

Cinco deputados dos Estados Unidos fizeram uma visita a Taiwan nesta sexta-feira (26) em meio às tensões entre Washington e Pequim, que considera a ilha uma província rebelde e acusa os americanos de interferirem em assuntos internos da China.

Os militares chineses, por sua vez, fizeram patrulhas no estreito de Taiwan, repetindo exercício do início do mês, por ocasião da visita de outra delegação americana em Taipé.

Segundo o comando do Exército de Libertação Popular, foram organizadas forças navais e aéreas em estado de prontidão de combate na região.

Bombardeiro H-6 chinês (em cima) sobrevoa a costa de Taiwan acompanhado por jato taiwanês em fevereiro de 2020; aeronave semelhante foi usada nesta sexta-feira por Pequim - Ministério da Defesa de Taiwan - 10.fev.20/AFP

"As ações relevantes são necessárias para lidar com a situação atual no Estreito de Taiwan. Taiwan faz parte do território da China e defender a soberania nacional e a integridade territorial é a missão sagrada de nossos militares", disse o comunicado das Forças Armadas chinesas.

O Ministério da Defesa de Taiwan, por sua vez, afirmou que ao menos oito aeronaves chinesas, incluindo dois bombardeiros H-6 com capacidade nuclear, voaram para a zona de defesa aérea da ilha, embora longe do continente.

Em uma reunião com a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, o líder da delegação de congressistas americanos, o deputado democrata Mark Takano, descreveu a ilha como uma "força do bem" e disse que, sob administração de Tsai, os laços com os EUA tiveram a maior produtividade em décadas.

No final de outubro, a líder concedeu entrevista à imprensa americana e confirmou relatos de que mais de 20 membros de operações especiais dos EUA e um contingente de fuzileiros navais estão há mais de um ano em território taiwanês. A declaração ocorreu semanas após a maior incursão aérea da história da China contra as defesas de Taipé.

Segundo Takano, os deputados estão na região para lembrar aos parceiros e aliados que a responsabilidade compartilhada de manter o Indo-Pacífico livre e seguro está mais forte do que nunca. Antes de visitar a ilha, a delegação passou por Japão e Coreia do Sul.

"Nosso compromisso com Taiwan é sólido como uma rocha e permaneceu firme à medida que os laços entre nós se aprofundaram", disse o deputado. "Taiwan é uma história de sucesso democrático, um parceiro confiável e uma força para o bem no mundo."

Comentários desse tipo tendem a irritar a China, para quem Taiwan é um assunto ultrassensível no qual não há espaço para concessões. Os EUA, assim como a maior parte dos países, não tem relações diplomáticas com a ilha, mas são seu mais importante financiador internacional e fornecedor de armas.

Pequim intensificou a pressão militar e política sobre Taiwan para reprimir possíveis reivindicações de soberania. A presidente prometeu manter a paz com a China, mas disse que a ilha se defenderá se for atacada.

"Em termos da situação regional à qual vocês estão prestando atenção, Taiwan continuará a intensificar a cooperação com os Estados Unidos a fim de defender nossos valores compartilhados de liberdade e democracia e para garantir a paz e estabilidade na região", disse Tsai à delegação americana.

A visita ocorre poucos dias depois de o presidente dos EUA, Joe Biden, convidar Taiwan para uma cúpula virtual sobre democracia no próximo mês. A China ficou de fora.

O grupo americano é formado por Takano, do Partido Democrata, por seus colegas de legenda Colin Allred, Sara Jacobs e Elissa Slotkin e pela republicana Nancy Mace. "Quando se soube da nossa visita, meu gabinete recebeu uma mensagem contundente da embaixada da China me dizendo para cancelar a viagem", disse Slotkin, em publicação no Twitter.

Mace relatou pedido semelhante de autoridades chinesas, que exigiram o cancelamento da viagem. "Não o fizemos", escreveu, depois de ter postado uma foto em que aparece ao lado do jato da Força Aérea dos EUA que a transportou até Taipé. "Acabamos de pousar na República de Taiwan", acrescentou, usando o termo mais comum entre os defensores da independência da ilha.

O Ministério das Relações Exteriores da China havia descrito a última visita dos americanos à ilha como "uma mão perdida", uma metáfora que faz referência aos jogos de cartas. Desta vez, Zhao Lijian, porta-voz da pasta, condenou a visita dos deputados americanos e a avaliou como uma violação do princípio de unidade do território chinês.

"O fato de indivíduos políticos dos EUA desafiam desenfreadamente o princípio de uma só China e encorajarem as forças de 'independência de Taiwan' despertou a forte indicação de 1,4 bilhão de chineses", disse Zhao, acrescentando que a unidade entre Taipé e Pequim é uma "tendência histórica imparável".

Taiwan é mencionada uma única vez nas 15 páginas da resolução histórica após a mais recente plenária do Partido Comunista Chinês. O texto reafirma a sólida posição do regime em relação à ilha. "Opomo-nos firmemente às atividades separatistas que buscam a 'independência de Taiwan'. Opomo-nos firmemente à interferência estrangeira", diz a resolução.

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