O atirador de 15 anos que matou quatro pessoas em uma escola próxima a Detroit, nos Estados Unidos, vai responder como adulto na Justiça a acusações de terrorismo, homicídio, tentativa de homicídio e porte de arma de fogo na prática de crimes, decidiu a promotoria do condado de Oakland, nesta quarta-feira (1º).
O estudante do segundo ano do ensino médio foi identificado pela polícia como o atirador que disparou contra colegas na terça-feira (30) no colégio do vilarejo de Oxford, no estado americano de Michigan, a 65 quilômetros ao norte de Detroit, com uma arma que seu pai havia comprado quatro dias antes. Além dos quatro mortos, ele deixou outros seis estudantes e um professor ferido. Segundo as autoridades, o jovem gravou um vídeo na noite anterior ao crime em que falava que mataria os colegas.
O caso voltou a levantar o debate sobre o acesso facilitado a armas no país e sobre a segurança das escolas, já que 2021 é o ano com mais tiroteios em colégios americanos, segundo levantamento do jornal Education Week, ao menos desde 2018, quando o veículo começou a monitorar o assunto.
Foram 28 episódios com ao menos uma pessoa morta ou ferida neste ano, contra dez em 2020, quando as escolas estavam fechadas devido à Covid, e 24 em 2019 e em 2018, de acordo com o veículo.
"Está claro que ele veio com a intenção de matar pessoas", disse o xerife do condado, Michael Bouchard, à CNN. Hanna St Julian, 14, e Madisyn Baldwin, 17, morreram na hora. Tate Myra, 16, morreu a caminho do hospital. Na tarde desta quarta (1º), a polícia confirmou a quarta morte, de Justin Shilling, 17.
"Ele atirava à queima-roupa, muitas vezes na cabeça e no peito. São assassinatos insensíveis." Segundo ele, o atirador, que está no segundo ano do ensino médio, disparou pelo menos 30 tiros.
Bouchard disse que a polícia teve acesso a escritos do rapaz e ao celular dele, que foi apreendido, e está investigando as motivações do crime. Antes do ataque, ele já havia publicado fotos da arma e de um alvo.
Segundo a promotora de Oakland, Karen McDonald, responsável pelo caso, há "uma montanha de evidências digitais" que apontam que o crime foi premeditado. Ela pediu que o caso ajude a sensibilizar a sociedade para o problema da violência nas escolas. O adolescente estava armado com uma pistola semiautomática de 9 mm que seu pai havia comprado em 26 de novembro e carregava também três pentes de 15 cartuchos de munição. Sete balas permaneciam na arma quando o jovem foi preso.
A sequência de eventos ainda não está clara, mas a polícia diz acreditar que o atirador levou a arma para a escola em uma mochila. Em algum momento ele foi ao banheiro do colégio e depois saiu atirando.
O tiroteio não foi mais grave porque os policiais interceptaram o atirador em um corredor enquanto ele avançava com a pistola. Ao ver a polícia, o adolescente colocou as mãos na cabeça e se rendeu.
Preso, ele se recusou a falar com os investigadores depois que seus pais contrataram um advogado e negaram às autoridades permissão para interrogar seu filho, disse Bouchard. "A pessoa que consegue entender melhor o motivo não está falando", disse o xerife.
O rapaz, que saiu ileso, está detido em uma cela especial para casos em que há a possibilidade de suicídio num centro de detenção juvenil, disse o chefe do condado de Oakland, David Coulter.
Entre os seis alunos atingidos por tiros, há jovens em estado crítico, com ferimentos na cabeça e no peito. O professor tratou um machucado no ombro e já deixou o hospital.
Dados divulgados em setembro pelo governo americano mostram que o total de homicídios no país disparou durante a pandemia. Com 21,5 mil assassinatos em 2020, último ano do governo de Donald Trump, a taxa de mortes nos EUA foi de 6,5 homicídios para cada 100 mil habitantes.
Desde 1998 o país não registrava um número tão alto, de acordo com os dados, e de 1999 em diante essa cifra sempre ficou abaixo de 6. As informações mostram também que este foi o maior aumento entre um ano e outro na série histórica do FBI, a polícia federal americana. Houve crescimento de 27,4% em relação ao dado de 2019, quando os EUA registraram taxa de 5,1 homicídios por 100 mil pessoas.
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