Atirador de 15 anos que matou 4 em escola nos EUA responderá como adulto na Justiça

Promotoria acusa adolescente de terrorismo, homicídio e tentativa de homicídio; arma era do pai do autor

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Chicago e Los Angeles | Reuters

O atirador de 15 anos que matou quatro pessoas em uma escola próxima a Detroit, nos Estados Unidos, vai responder como adulto na Justiça a acusações de terrorismo, homicídio, tentativa de homicídio e porte de arma de fogo na prática de crimes, decidiu a promotoria do condado de Oakland, nesta quarta-feira (1º).

O estudante do segundo ano do ensino médio foi identificado pela polícia como o atirador que disparou contra colegas na terça-feira (30) no colégio do vilarejo de Oxford, no estado americano de Michigan, a 65 quilômetros ao norte de Detroit, com uma arma que seu pai havia comprado quatro dias antes. Além dos quatro mortos, ele deixou outros seis estudantes e um professor ferido. Segundo as autoridades, o jovem gravou um vídeo na noite anterior ao crime em que falava que mataria os colegas.

Estudantes fazem vigília após tiroteio com quatro mortos em Oxford, vilarejo americano no estado de Michigan - Jeff Kowasky/AFP

O caso voltou a levantar o debate sobre o acesso facilitado a armas no país e sobre a segurança das escolas, já que 2021 é o ano com mais tiroteios em colégios americanos, segundo levantamento do jornal Education Week, ao menos desde 2018, quando o veículo começou a monitorar o assunto.

Foram 28 episódios com ao menos uma pessoa morta ou ferida neste ano, contra dez em 2020, quando as escolas estavam fechadas devido à Covid, e 24 em 2019 e em 2018, de acordo com o veículo.

"Está claro que ele veio com a intenção de matar pessoas", disse o xerife do condado, Michael Bouchard, à CNN. ​Hanna St Julian, 14, e Madisyn Baldwin, 17, morreram na hora. Tate Myra, 16, morreu a caminho do hospital. Na tarde desta quarta (1º), a polícia confirmou a quarta morte, de Justin Shilling, 17.

"Ele atirava à queima-roupa, muitas vezes na cabeça e no peito. São assassinatos insensíveis." Segundo ele, o atirador, que está no segundo ano do ensino médio, disparou pelo menos 30 tiros.

Bouchard disse que a polícia teve acesso a escritos do rapaz e ao celular dele, que foi apreendido, e está investigando as motivações do crime. Antes do ataque, ele já havia publicado fotos da arma e de um alvo.

Segundo a promotora de Oakland, Karen McDonald, responsável pelo caso, há "uma montanha de evidências digitais" que apontam que o crime foi premeditado. Ela pediu que o caso ajude a sensibilizar a sociedade para o problema da violência nas escolas. O adolescente estava armado com uma pistola semiautomática de 9 mm que seu pai havia comprado em 26 de novembro e carregava também três pentes de 15 cartuchos de munição. Sete balas permaneciam na arma quando o jovem foi preso.

A sequência de eventos ainda não está clara, mas a polícia diz acreditar que o atirador levou a arma para a escola em uma mochila. Em algum momento ele foi ao banheiro do colégio e depois saiu atirando.

O tiroteio não foi mais grave porque os policiais interceptaram o atirador em um corredor enquanto ele avançava com a pistola. Ao ver a polícia, o adolescente colocou as mãos na cabeça e se rendeu.

Preso, ele se recusou a falar com os investigadores depois que seus pais contrataram um advogado e negaram às autoridades permissão para interrogar seu filho, disse Bouchard. "A pessoa que consegue entender melhor o motivo não está falando", disse o xerife.

O rapaz, que saiu ileso, está detido em uma cela especial para casos em que há a possibilidade de suicídio num centro de detenção juvenil, disse o chefe do condado de Oakland, David Coulter.

Entre os seis alunos atingidos por tiros, há jovens em estado crítico, com ferimentos na cabeça e no peito. O professor tratou um machucado no ombro e já deixou o hospital.

Dados divulgados em setembro pelo governo americano mostram que o total de homicídios no país disparou durante a pandemia. Com 21,5 mil assassinatos em 2020, último ano do governo de Donald Trump, a taxa de mortes nos EUA foi de 6,5 homicídios para cada 100 mil habitantes.

Desde 1998 o país não registrava um número tão alto, de acordo com os dados, e de 1999 em diante essa cifra sempre ficou abaixo de 6. As informações mostram também que este foi o maior aumento entre um ano e outro na série histórica do FBI, a polícia federal americana. Houve crescimento de 27,4% em relação ao dado de 2019, quando os EUA registraram taxa de 5,1 homicídios por 100 mil pessoas.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.