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Comboio de caminhoneiros dá voltas ao redor de Washington contra medidas anti-Covid

Caravana de centenas de veículos atrai críticos de Biden e apoiadores de Trump

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Washington

Um grupo de centenas de caminhoneiros tem dado voltas ao redor de Washington, capital dos Estados Unidos, para protestar contra a exigência de vacinação e do uso de máscaras. Alguns participantes levam bandeiras e cartazes com críticas ao presidente Joe Biden e de apoio ao ex-presidente Donald Trump.

A caravana, chamada de People's Convoy (comboio do povo), partiu de Adelanto, na Califórnia, em 23 de fevereiro, e chegou aos arredores de Washington na noite de sexta (4). O grupo montou acampamento em um circuito de corridas em Hagerstown, no estado de Maryland, a 129 km da capital do país.

Em caminhões e SUVs, manifestantes protestam contra medidas anti-Covid nos arredores de Washington
Em caminhões e SUVs, manifestantes protestam contra medidas anti-Covid nos arredores de Washington - Stephanie Keith - 6.mar.22/Reuters

O movimento é formado por caminhoneiros e motoristas de SUVs, picapes e carros menores. No domingo (6), o comboio deu duas voltas na rodovia I-495, conhecida como Beltway, um rodoanel de 64 km que circunda a capital. Alguns dos participantes fizeram transmissões ao vivo da ação nas redes sociais.

Os caminhões andavam em baixa velocidade, concentrados em uma ou duas pistas e não chegaram a parar na estrada. A fila de veículos tinha mais de 40 km no início, mas se diluiu em blocos menores durante o dia. Eles buzinavam ao passar por baixo de pontes e passarelas, onde pessoas mostravam bandeiras e mensagens de apoio. Alguns também foram até a beira da estrada criticar o movimento.

A carreata durou cerca de quatro horas, mas gerou pouco impacto no trânsito, por ser um domingo. Nesta segunda (7), os caminhoneiros fizeram um novo protesto no Beltway, com cerca de 130 caminhões grandes e centenas de outros carros menores, fora do horário de pico. Os veículos levam bandeiras americanas e frases como "liberdade" e "encerre os mandados", em referência às exigências de vacinação.

O Distrito de Columbia, onde fica Washington, é cercado por cidades vizinhas, que pertencem aos estados de Maryland e Virgínia. Milhares de pessoas dirigem diariamente para a capital, por meio de estradas e de túneis que dão acesso ao centro da cidade e ao Congresso.

"Se fecharmos o Beltway, perdemos nosso apoio público. Não queremos fechar o Beltway. Só queremos que eles nos ouçam", disse Brian Brase, 37, caminhoneiro de Ohio e um dos líderes do movimento.

Ele disse várias vezes que não pretende levar o protesto para dentro da capital. No entanto, alguns veículos isolados têm circulado pela cidade com bandeiras dos EUA e frases como "Let's Go Brandon", lema cujo significado real é algo como "dane-se, Biden". Nesta segunda, Brase disse estar preocupado que pessoas que não pertencem ao movimento tentem se infiltrar para gerar problemas e que há pressões para levar os veículos para dentro de Washington. "Muitas pessoas querem que eu diga certas coisas e coloque este comboio em uma certa direção. Não vou ouvi-los. Vou ouvir o povo", disse.

Brase disse não haver prazo para encerrar o protesto. Ele promete realizar atos nos próximos dias para pressionar pelo fim da declaração de emergência nacional contra a Covid, retirando exigências de uso de máscaras e de vacinação. Outro objetivo é pressionar o Congresso a investigar as ações de combate à pandemia. O líder dos atos disse que congressistas republicanos devem se encontrar com os ativistas.

Porém, o protesto vem num momento em que as restrições trazidas pela Covid estão sendo relaxadas, mesmo em cidades que adotaram medidas mais rígidas, como Nova York. Na semana passada, durante o discurso do Estado da União, Biden repetiu que medidas como fechamento de estabelecimentos para conter o vírus não serão mais adotadas e que a tendência é de que as restrições sigam sendo reduzidas.

Havia a possibilidade de que parte do comboio dos caminhoneiros chegasse a Washington na data do discurso anual do presidente. Por isso, a segurança na cidade foi bastante reforçada. Uma cerca foi colocada nos arredores do Congresso, e mais agentes, enviados para reforçar a proteção da cidade, incluindo policiais de Nova York. Veículos militares estão posicionados em várias ruas há alguns dias.

Robert Contee, chefe da polícia do Distrito de Columbia, disse que manifestações pacíficas são bem-vindas, mas que "há certas coisas no distrito que não vamos tolerar", sem dizer o que seria o limite.

O grande temor é a repetição de cenas como a de 6 de janeiro, quando ativistas invadiram o Congresso para tentar impedir a confirmação de Joe Biden como novo presidente dos EUA. Outro precedente é o do Canadá. Em fevereiro, caminhoneiros fizeram bloqueios durante semanas em Ottawa, capital do país, para protestar contra a exigência de vacinação. Eles também fecharam uma das principais pontes de ligação entre Canadá e EUA. O protesto só foi encerrado depois que o governo tomou medidas duras, como prender cerca de 200 manifestantes e bloquear as contas bancárias dos ativistas.

Para os próximos dias, espera-se que um outro comboio, vindo de Ohio e da Pensilvânia, junte-se ao grupo.

Em parte devido à guerra na Ucrânia, o aumento do preço dos combustíveis, citado por alguns manifestantes, também pode esquentar os ânimos. Nesta semana, o custo médio do galão de gasolina (3,6 litros) tem superado US$ 4, nível que não era visto desde julho de 2008, e US$ 1,30 acima do valor um ano atrás, segundo dados da Associação Automobilística Americana.

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