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No 19º dia de guerra, com intensos ataques que atingiram Kiev, Rússia e Ucrânia desmontaram o otimismo internacional ao terminar sem acordo mais uma rodada de negociações. As conversas devem continuar nesta terça-feira.
Esse foi o quinto encontro oficial das delegações desde 24 de fevereiro, início da ofensiva do Kremlin na ex-república soviética, considerando três cúpulas em Belarus e uma reunião da alta diplomacia dos dois países na semana passada, na Turquia. Explicamos como funcionam as mesas de negociação nesta outra edição da newsletter.
A expectativa em relação à reunião desta segunda-feira se deveu a declarações dadas pelas duas partes na véspera:
- "A Rússia já está começando a falar de forma construtiva. Acho que alcançaremos alguns resultados literalmente em questão de dias", afirmou no domingo Mikhailo Podoliak, principal assessor do presidente Volodimir Zelenski;
- "Esse progresso pode crescer nos próximos dias em uma posição conjunta de ambas as delegações, em documentos para assinatura", disse Leonid Slutski, negociador russo.
Enquanto isso: O clima de espera se confronta com a realidade das ruas ucranianas, com incursões de tropas russas cada vez mais próximas da fronteira da Polônia.
O correspondente André Liohn relata a rotina de bombardeios e presença militar vivida pelos poucos civis que não conseguiram abandonar cidades no entorno de Kiev, antecipando um possível futuro da capital.
Horas antes de os representantes diplomáticos se sentarem à mesa, bombardeios atingiram um prédio residencial na capital. Em Donetsk —uma das áreas separatistas apoiadas pela Rússia—, o disparo de mísseis matou cerca de 20 pessoas. Os ataques têm sido constantes em Mariupol, no sul do país.
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Não se perca
O que trava as negociações? Explicamos quais são as exigências da Rússia e como a Ucrânia tem respondido.
Desmilitarização
- O que a Rússia quer: Desde o início da invasão, Vladimir Putin declara que o seu objetivo é "desmilitarizar e desnazificar" a Ucrânia, acusando o governo Zelenski de apoiar grupos neonazistas que atacam a população de origem russa
- Posição da Ucrânia: Nega a acusação e diz que não aceita a rendição militar
Neutralidade
- O que a Rússia quer: Putin exige que a Ucrânia inclua em sua Constituição que não vai aderir a blocos políticos ou militares, como a Otan ou a União Europeia. Moscou alega que esse tipo de aproximação com o Ocidente traz riscos ao seu território
- Posição da Ucrânia: Indica que pode aceitar. Zelenski já declarou que não vai mais insistir para entrar na Otan
Zonas separatistas
- O que a Rússia quer: Reconhecimento da Crimeia como russa (a área foi anexada por Putin em 2014) e de duas repúblicas separatistas do Donbass (Luhansk e Donetsk), no leste, como independentes
- Posição da Ucrânia: Rejeita a ideia. Porém, o fato de, na prática, não controlar essas áreas pode facilitar um acordo
O que ver e ouvir para se manter informado
Entenda a ideologia que move Putin neste episódio do Café da Manhã e veja os rastros de destruição neste relato exclusivo do correspondente da Folha na Ucrânia.
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