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A guerra entre Rússia e Ucrânia chega a seu 26º dia com novos relatos de ataques em áreas ocupadas por civis. Notícias de bombardeios e uso de mísseis cresceram nos últimos dias, e uma cidade concentra algumas das cenas e relatos mais emblemáticos do horror deste conflito para a população: Mariupol, no sudeste ucraniano.
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Maternidade: em 9.mar, bombas atingiram um hospital com crianças e mulheres grávidas. Ao menos três pessoas morreram, incluindo uma gestante cuja imagem de seu resgate em uma maca correu o mundo. Oficialmente, a Rússia nega o ataque;
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Teatro: na quarta (16), um teatro que abrigava milhares de desalojados, segundo as autoridades locais, foi atacado. A Ucrânia disse ter resgatado 130 pessoas. Moscou nega o ataque;
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Escola de arte: no sábado (18), o alvo foi uma escola que era abrigo para cerca de 400 pessoas.
Cerca de 80% das casas da cidade portuária foram destruídas. Dos cerca de 400 mil habitantes estimados antes do início da guerra, metade continua na cidade, escondida em porões e sem acesso a luz, água ou comida.
O destino da população está no centro de um novo impasse entre os dois países em guerra.
No domingo (20), o governo de Volodimir Zelenski recusou o ultimato da Rússia para entregar a cidade portuária. Moscou cobra a rendição dos moradores para interromper os ataques e abrir um corredor humanitário que permita a sua fuga.
O governo de Vladimir Putin, que invadiu o país vizinho, afirma que Kiev cria obstáculos para o avanço das negociações de paz e nega que esteja atacando civis.
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Segundo a ONU, ao menos 925 civis morreram e 1.496 ficaram feridos por causas diretamente relacionadas ao conflito em pouco mais de três semanas;
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O número deve ser ainda maior, já que muitas vítimas não puderam ser contabilizadas devido à destruição dos locais e ao cerco pelas tropas.
Novas armas: Também foi contra Mariupol que possivelmente os russos usaram pela primeira vez seu sistema de foguetes termobáricos, tipo de arma não nuclear considerada a mais destrutiva de seu arsenal. Vídeos de lançamento do TOS-1A foram divulgados por separatistas pró-Rússia na região.
Refúgio: Um hospital pediátrico de Zaporíjia se tornou o principal refúgio para civis da região de Mariupol. O enviado André Liohn acompanhou a rotina do local, que recebeu crianças em estado grave e usa barricadas com sacos de areia para evitar que estilhaços atinjam médicos e pacientes.
Não se perca
Por que Mariupol é uma cidade estratégica para a Rússia? Apresentamos três razões:
- Corredor: Localizada no sudeste da Ucrânia, cidade está na província de Donetsk, uma das regiões separatistas reconhecidas por Putin antes da guerra. A Rússia quer criar uma ponte entre essa região (o Donbass), e a península da Crimeia, anexada em 2014.
- Exportações: A cidade é uma porta para o mar de Azov, um dos dois pontos de acesso do comércio marítimo da Ucrânia, explica o colunista Mathias Alencastro. Controlar essa saída e os portos ucranianos do mar Negro colocaria a Rússia no comando de cerca de 30% da produção de trigo mundial.
- Extremismo: É também na região que atua o Batalhão Azov, grupo nacionalista e neonazista que treinou civis antes da guerra para lutarem contra os russos. A "desnazificação" do território ucraniano é um dos objetivos alegados por Putin para a invasão.
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