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Alemanha prende suspeitos de planejar sequestro do ministro da Saúde

Grupo de extrema direita se opõe a medidas para controlar Covid e também preparava ataque ao sistema elétrico

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Berlim | Reuters e AFP

A Alemanha anunciou nesta quinta (14) a prisão de quatro membros de uma rede de extrema direita suspeita de planejar ataques a autoridades do país por se opor às regras impostas para conter a Covid.

Eles planejavam sequestrar o ministro da Saúde alemão, o social-democrata Karl Lauterbach, e destruir instalações de energia do país. Os suspeitos são ligados ao movimento Reichsbuerger (cidadãos do Reich, em português), que nega a existência do Estado alemão moderno, informou a promotoria local.

O ministro da Saúde da Alemanha, Karl Lauterbach, durante entrevista coletiva sobre a pandemia de Covid
O ministro da Saúde da Alemanha, Karl Lauterbach, durante entrevista coletiva sobre a pandemia de Covid - Hannibal Hanschke - 8.abr.22/Reuters

O grupo pretendia "provocar condições similares às de uma guerra civil e, finalmente, derrubar o sistema democrático da Alemanha", disseram as autoridades, segundo as quais um quinto suspeito está foragido.

Foram realizadas buscas em mais de 20 propriedades de diferentes estados alemães ao longo da quarta (13), quando armas, munições, um fuzil Kalashnikov e dinheiro foram apreendidos pela polícia.

Certificados falsos de imunização contra Covid e resultados de testes falsificados também foram encontrados. Em entrevista coletiva, o ministro da Saúde disse que o grupo representa uma minoria da sociedade alemã, mas que é altamente perigoso. "Isso mostra que os protestos contra o combate à Covid se radicalizaram, mas que também se trata de algo muito maior que a pandemia", afirmou Lauterbach.

Autoridades do país investigam o grupo desde outubro de 2021, e os detidos têm entre 41 e 55 anos. O Escritório Federal de Proteção à Constituição (BfV, na sigla alemã) estimava, em 2018, que cerca de 16,5 mil pessoas no país estivessem com o movimento Reichsbuerger, segundo a rede Deutsche Welle.

Cerca de 3.500 deles estariam baseados na Baviera e outros 2.500, no estado vizinho de Baden-Wurttemberg. A maioria seria do sexo masculino e teria, em média, mais de 50 anos. Centenas de seguidores estão ligados a ideologias populistas, antissemitas e neonazistas.

Não se trata do primeiro episódio em que radicais alemães conspiram para assassinar autoridades em meio à pandemia. Em dezembro, a polícia frustrou um plano de grupos antivacina para assassinar o premiê da Saxônia, no leste do país. Os militantes se articularam em um grupo no aplicativo Telegram.

A Alemanha se vê desafiada pelos índices de vacinação no país. Pouco mais de 75% da população nacional completou o primeiro esquema vacinal, e 58% receberam a dose de reforço, cifras inferiores a de outros países da Europa Ocidental, como Portugal, onde 92% receberam as duas doses iniciais, Espanha (86%) e Itália (79%). Os dados são da plataforma Our World in Data, ligada à Universidade de Oxford.

No início do mês, o Bundestag, o Parlamento alemão, recusou um projeto de lei apoiado pelo premiê Olaf Scholz que tornaria a vacinação contra a Covid obrigatória para maiores de 60 anos. A faixa etária teria de se vacinar até 15 de outubro, segundo o texto que foi rechaçado por 378 parlamentares e apoiado por 296.

O partido de ultradireita AfD celebrou a derrota do projeto, enquanto Scholz tentava uma articulação exitosa. Ele chegou a pedir que a ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock, deixasse Bruxelas, onde estava para uma reunião da Otan sobre a Guerra da Ucrânia, e voltasse para Berlim, para participar da votação.

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