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Guerra na Ucrânia: Os números da popularidade de Putin na Rússia, apesar das sanções

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São Paulo

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A semana marcada pela comoção pelas vítimas de Butcha e novas punições contra a ação militar da Rússia no território ucraniano termina com mais uma tragédia: a morte de ao menos 50 pessoas. Uma estação de trem em Kramatorsk, no leste da Ucrânia —região estratégica onde Moscou vem concentrando suas tropas— foi atingida por um míssil.

As cenas de pessoas mortas ou feridas e do desespero do resgate que ganham o mundo devem provocar novas respostas do Ocidente contra o governo Vladimir Putin. Fora a reação diplomática, mais medidas foram acrescentadas à já extensa lista de sanções econômicas aplicadas contra a Rússia:

  • EUA e Reino Unido congelaram bens de duas filhas de Putin e de familiares do ministro de Relações Exteriores, Serguei Lavrov;

  • A União Europeia aprovou pela primeira vez medidas contra o setor energético russo, com embargo ao carvão. É o quinto pacote de sanções do bloco.

Com a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, a Rússia se tornou o país com o maior número de sanções internacionais da história. Mas nesse período de 44 dias de guerra, os primeiros efeitos das sanções parecem não ter abalado até agora a popularidade de Putin, como mostrou reportagem da Folha nesta semana.

Pesquisas realizadas no fim de março pelo Levada-Center, instituto de opinião pública independente da Rússia, dão conta do humor da população sobre o comando do país:

  • Aprovação de Putin: saltou de 71% em fevereiro para 83%, índice que empata com o pico de popularidade atingido em 2014 após a anexação da Crimeia. A reprovação caiu de 27% para 15%;

  • Aprovação do governo: passou de 55% em fevereiro para 70% em março. A reprovação caiu de 42% para 27%;

  • Opinião sobre os rumos do país: a parcela que acha que a Rússia está indo na direção correta cresceu de 52% para 69%. Os que acham o contrário passaram de 38% para 22%.

Ressalva: Apesar de as pesquisas serem feitas por uma entidade independente, os resultados podem ser influenciados pelo temor da população de falar mal de um governo que pune seus críticos e pela censura dos meios de comunicação, que disseminam a versão estatal da guerra e da situação do país.

Fenômeno semelhante na aprovação de políticos em nações atingidas por sanções econômicas já foi percebido em países como a Venezuela. Entre as razões está a capacidade dos governantes de inverterem o jogo e se eximirem de problemas econômicos agravados pelas sanções.

E o que pensam sobre a guerra? O mesmo instituto aponta que 81% dos entrevistados dizem apoiar em diferentes graus as ações militares da Rússia e 14% afirmam ser contra.

O orgulho pela Rússia é apontado por 51% como o sentimento dominante em relação ao conflito. Desde que passou a ser alvo de críticas dos EUA por posicionar tropas na fronteira com a Ucrânia, Putin apela para um discurso nacionalista e acusa o Ocidente de "tentar cancelar" a Rússia para promover uma "dominação global".

Não se perca

Três curiosidades sobre a figura de Putin apresentadas em reportagens da Folha nesta semana:

  1. Filme: Em suas memórias, Putin descreve sua fascinação pelo filme "The Sandpit Generals" (1971). O longa dirigido por Hall Bartlett é uma adaptação do livro "Capitães de Areia", de Jorge Amado, e foi gravado em Salvador. Sensação na URSS na época, o filme foi proibido no Brasil pela ditadura
  2. Obsessão: Para o jornalista Steven Lee Myers, Putin sempre foi obcecado pela Ucrânia, em razão do tamanho, proximidade e importância para a segurança da Rússia, que acredita ser merecedora de um grande poder. Myers é autor de "O Novo Czar: Ascensão e Reinado de Vladimir Putin" (Amarilys), a biografia do líder russo recém-lançada no Brasil
  3. Filhas: Incluídas na lista de sanções de EUA e Reino Unido, Maria Vladimirovna Vorontsova e Katerina Vladimirovna Tikhonova são as duas filhas conhecidas de Putin, fruto do casamento de 30 anos com a ex-primeira-dama Lyudmila Putina.

    Mais velha, Maria Vladimirovna —o segundo nome quer dizer "filha de Vladimir"— é bióloga e lidera programas de pesquisas genéticas financiadas pelo Kremlin.

    Já Katerina é uma executiva de tecnologia que trabalha para o governo russo e sua indústria de defesa. Também é conhecida por ser dançarina acrobática.

O que aconteceu nesta sexta (8)

  • Rússia revogou registros de Anistia Internacional, Human Rights Watch e outros 13 grupos estrangeiros;

  • Moscou expulsou 45 diplomatas poloneses em retaliação a Varsóvia;

  • Autoridades da UE visitaram Butcha e prometeram agir para que a Ucrânia entre no bloco.

Imagem do dia

Corpo na plataforma da estação de Kramatorsk, na Ucrânia, atingida por míssil nesta sexta-feira - Anatolii Stepanov/AFP

O que ver e ouvir para entender o conflito

O trabalho de resgate na estação de trem em Kramatorsk e os relatos de ataques a hospitais na Ucrânia em dois vídeos:

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