Descrição de chapéu União Europeia

Partido de Mélenchon indica preferir voto em branco ou abstenção no 2º turno na França

Apoio ao atual presidente teve 33% dos votos em consulta interna de legenda do 3º colocado no primeiro turno

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Paris | Reuters

O França Insubmissa, partido de Jean-Luc Mélenchon, terceiro colocado no primeiro turno da eleição presidencial francesa, divulgou neste domingo (17) os resultados de uma consulta interna sobre o posicionamento que a sigla deve ter na segunda rodada.

As opções possíveis eram abstenção, voto em branco ou apoio ao atual presidente Emmanuel Macron, de centro-direta —o endosso à ultradireitista Marine Le Pen não era uma opção válida. De 215 mil participantes, 37% disseram preferir o voto em branco, 33,4% afirmaram que optarão pelo candidato à reeleição e 28,9% indicaram que vão se abster. Na França, o comparecimento às urnas não é obrigatório.

Manifestante picha a frase "nem Le Pen nem Macron" em protesto em Nantes, na França - Thomas Coex - 16.abr.22/AFP

Mélenchon, de esquerda radical, recebeu 7,7 milhões de votos no primeiro turno, ou 21,7% do total, pouco menos que Le Pen (23,9%). Macron ficou em primeiro, com 27,3%. Logo após a divulgação dos resultados, sem manifestar apoio direto ao presidente, o candidato pediu que nenhum de seus apoiadores votasse na ultradireitista no próximo domingo (24).

"Os resultados [da consulta deste domingo] não são uma ordem para apoiar ninguém. Todos devem tirar suas conclusões a partir disso e votar como acharem melhor", escreveu a equipe de campanha de Melenchon em seu site.

Pesquisa Ipsos divulgada neste sábado (16) mostrou que cerca de 33% dos eleitores do nome da esquerda radical no primeiro turno apoiariam Macron, com 16% optando por Le Pen. Mais de 50% dos entrevistados, porém, se recusaram a dar sua opinião. O levantamento indicou que, se a eleição fosse hoje, Macron conquistaria a reeleição com 55,5% dos votos, contra 44,5% da rival.

A abstenção geral deve se aproximar de 30%, de acordo com os institutos de pesquisa. No domingo passado, ela foi de 26,3%.

Analistas veem o cenário na França fragmentado e indeciso, em que a eleição deve ser vencida pelo candidato que puder ir além de seu campo para convencer os eleitores de que a outra opção seria muito pior.

Cinco anos atrás —a exemplo do que aconteceu em 2002, quando o pai de Le Pen, Jean-Marie, passou ao segundo turno contra Jacques Chirac—, a disputa final teve a consolidação do que se chamou de "frente republicana", para impedir a chegada ao poder da ultradireita.

Neste 2022, porém, a vantagem de Macron parece ser menor, em meio ao desgaste do presidente e os esforços da rival de parecer mais moderada.

Ainda neste sábado, milhares de manifestantes tomaram as ruas de pelo menos 30 cidades em passeatas contra Le Pen.

Em comício em Marselha, Macron, que tenta conquistar a simpatia de eleitores de esquerda, afirmou que "a extrema direita é um risco para o nosso país". Já Le Pen, em evento de campanha também no sul da França, chamou os protestos de antidemocráticos. "O establishment está preocupado", disse.

Na campanha do primeiro turno, ela conseguiu usar a seu favor a insatisfação com o aumento do custo de vida e a percepção de que Macron está desconectado das dificuldades do dia a dia do povo.

No dia 10, levantamento do Ipsos feito logo após a votação confirmou que o poder de compra foi o tema mais importante na hora de definir o voto para 58% dos eleitores, à frente de imigração e saúde, relevantes para 27% e 26%.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.