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Presidente do Peru deixa o próprio partido, que passa para a oposição

Perú Libre acusa Pedro Castillo de não colocar em prática programa da legenda e de não cumprir promessas

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Lima | AFP

O presidente do Peru, Pedro Castillo, anunciou nesta quinta (30) a renúncia do partido ao qual pertencia, o Perú Libre. A decisão foi tomada após pedido da própria legenda, que agora passa a atuar na oposição.

Castillo é acusado pelos ex-correligionários de não ter colocado em prática o programa do partido nem ter cumprido as promessas eleitorais. Em vez disso, a legenda afirma que o presidente, no cargo desde julho do ano passado, vem implementando um "programa neoliberal perdedor".

"Definitivamente, não somos uma bancada pró-governo", disse Waldemar Cerrón, chefe da legenda e irmão do líder do partido, Vladimir Cerrón. Ele afirmou que o Perú Libre atuará como uma "oposição propositiva", não como o que chamou de "oposição obstrucionista" dos partidos de direita que dominam o Congresso.

O presidente do Peru, Pedro Castillo, durante entrevista coletiva
O presidente do Peru, Pedro Castillo, durante entrevista coletiva - Ernesto Benavides - 5.abr.22/AFP

As diferenças entre o marxista-leninista Perú Libre e Castillo ficaram evidentes na terça (28), depois que o partido pediu ao presidente que renunciasse "irrevogavelmente" à sua militância sob ameaça de expulsão.

"Apresentei ao Tribunal Eleitoral Nacional minha renúncia irrevogável de filiação ao partido Perú Libre. Tal decisão se deve à minha responsabilidade como presidente de 33 milhões de peruanos", escreveu Castillo em suas redes sociais. "Sinto respeito pelo partido e por suas bases construídas na campanha [de 2021]".

As rusgas entre Perú Libre e Castillo acontecem no momento em que uma comissão do Congresso que investiga o presidente por corrupção deve recomendar a abertura de uma acusação constitucional contra ele, o que pode acarretar em um pedido de destituição do cargo.

O Perú Libre também acusa Castillo de minar a "unidade e a disciplina" partidárias após a divisão da bancada governista em três blocos. A legenda conta agora com 16 dos 37 parlamentares que obteve nas eleições de 2021 e se tornou a principal minoria em um Congresso no qual nenhum partido tem a maioria.

Castillo, um professor rural de 52 anos, compartilha com Keiko Fujimori, a rival derrotada no pleito presidencial, uma visão conservadora. É contra o casamento gay, o aborto e o que chama de "ideologia de gênero". Também esteve alinhado com a filha do ex-autocrata peruano Alberto Fujimori quanto à rejeição à entrada no país de mais refugiados venezuelanos, que, para ele, "roubam empregos dos peruanos".

Se, por um lado, é conservador em relação a direitos civis, Castillo defende a refundação do Estado e do modelo econômico do país. Durante a campanha eleitoral afirmou que a economia deve ser construída de "baixo para cima" e mencionou, entre as áreas que podem ser estatizadas, a mineração —grande fonte de produtos de exportação do Peru. Ele nasceu em Tacabamba, na província de Chota, no norte do país.

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