Presidente da Palestina pede na ONU que Israel retome negociação para solução de dois Estados

Mahmoud Abbas acusa 'regime de apartheid' e diz que conversas de paz precisam voltar

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Jerusalém e Gaza | Reuters

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disse à Assembleia-Geral da ONU nesta sexta-feira (23) que o pedido do primeiro-ministro israelense Yair Lapid por uma solução de dois Estados foi um "desenvolvimento positivo", mas acrescentou que o teste de credibilidade dessa posição seria uma retomada concreta das negociações.

Israel capturou Jerusalém Oriental, Cisjordânia e a Faixa de Gaza —áreas que os palestinos reivindicam para formar um Estado independente— na guerra de 1967 no Oriente Médio. As negociações de paz entre israelenses e palestinos, patrocinadas pelos EUA, fracassaram pela última vez em 2014.

Mahmoud Abbas, presidente da Palestina, fala na ONU - Caitlin Ochs -23.set.22/Reuters

Assim, os esforços para se chegar a um acordo de dois Estados, um israelense e um palestino coexistindo lado a lado, estão parados há muito tempo.

"Infelizmente, nossa confiança em alcançar a paz baseada na justiça e no direito internacional está diminuindo por causa das políticas de ocupação de Israel", afirmou Abbas, chamando Israel de "regime do apartheid", uma acusação já feita por ONGs de direitos humanos.

Esses grupos argumentam que Israel consolidou seu controle em territórios ocupados por palestinos por meio de domínio militar e da construção persistente de assentamentos. Há dúvidas sobre a real viabilidade de uma solução de dois Estados hoje, reforçada pelas críticas feitas nesta quinta a Lapid por nomes à direita da instável coalizão que hoje governa o país —que tem marcada para novembro a quinta eleição em quatro anos.

"Israel não nos deixou nenhuma terra na qual possamos estabelecer nosso Estado independente devido a sua expansão frenética de assentamentos", afirmou Abbas. "Onde nosso povo viverá em liberdade e dignidade?"

A maioria dos países considera ilegais os assentamentos israelenses na Cisjordânia, e a política foi alvo de questionamentos recentes inclusive por parte de aliados como os EUA. Israel contesta essa posição, descrevendo o território como um direito bíblico.

Embaixador de Tel Aviv na ONU, Gilad Erdan afirmou em um tuíte nesta sexta que foram os palestinos que rejeitaram os planos de paz no passado. A menção de Lapid a uma fórmula de dois Estados foi a primeira em anos de um líder israelense na cúpula das Nações Unidas e ecoou o apoio do presidente americano, Joe Biden, para a proposta —expresso também em sua participação na Assembleia-Geral.

Lapid, um progressista de centro que cumpre uma espécie de mandato-tampão como premiê, falou às vésperas do pleito que pode devolver o poder ao ex-primeiro-ministro de direita Binyamin Netanyahu, um oponente de longa data de um Estado palestino.

De acordo com o presidente palestino, embora os governos ocidentais tenham apoiado a solução de dois Estados, na verdade acabaram obstruindo sua implementação ao não reconhecer a Palestina como uma entidade independente e ao proteger Israel da responsabilidade.

Ele pediu às Nações Unidas que reconheçam a Palestina como membro pleno da organização e que apresentem um plano para acabar com a ocupação de Israel.

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