Descrição de chapéu China

Taiwan não quer guerra com a China, diz presidente, mas não cederá em democracia

Tsai Ing-wen discursa em dia nacional de Taipé e fala em aumentar poder de combate da ilha

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Taipé | Reuters e AFP

A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, enviou uma série de recados ao discursar, na manhã desta segunda-feira (10) em Taipé, nas celebrações do dia nacional da ilha. A data coincide com uma fase de elevação dramática das tensões com a China, que vê o lugar como uma província rebelde.

Em sua fala, Tsai exortou o diálogo com Pequim ao mesmo tempo que prometeu reforçar o poder de combate de Taiwan e seu compromisso com a democracia.

"Quero deixar claro para as autoridades chinesas que um confronto armado não é absolutamente uma opção para os dois lados. Só por meio do respeito ao compromisso do povo taiwanês com nossa soberania, democracia e liberdade pode haver a base para retomar as interações construtivas no estreito."

Pequim reagiu com indiferença aos apelos.

A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, em discurso no dia nacional da ilha, em Taipé - Sam Yeh - 10.out.22/AFP

A presidente lamentou que a China tenha feito escalar as provocações e ameaças sobre a ilha no início de agosto, em resposta a uma visita a Taipé da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi. Segundo ela, Pequim não deve pensar que há espaço para Taiwan ceder em seu compromisso com um sistema democrático.

"Nos últimos 73 anos, a população viveu e se desenvolveu junto nessa terra e forjou seu próprio senso de identidade e pertencimento. Taiwan mostrará ao mundo que está assumindo a responsabilidade por sua defesa", acrescentou.

Nos últimos anos, a presidente estabeleceu um programa de modernização militar e aumentou os gastos com defesa e a colaboração dos Estados Unidos no setor, enquanto a China reforçou a pressão com suas reivindicações de anexação.

Em seu discurso nesta segunda, ela afirmou que Taiwan está aumentando a produção de mísseis de precisão, investindo na indústria naval e trabalhando para adquirir armas móveis, que garantirão que a ilha "esteja totalmente preparada para responder a ameaças militares externas".

A líder de Taipé ainda fez menções a dois temas candentes nas discussões sobre a ilha, a Guerra da Ucrânia e a fabricação de semicondutores.

No primeiro campo, comparou a ação russa às ameaças de Pequim. "Não podemos ignorar o desafio que essas expansões militares representam para a ordem mundial livre e democrática. Esses eventos estão inextricavelmente ligados a Taiwan", disse. Em relação à preocupação envolvendo a produção de chips, defendeu que a concentração do setor em Taiwan não representa um risco.

O discurso se dá a menos de uma semana da abertura do congresso do Partido Comunista Chinês em Pequim, no qual se espera que o líder Xi Jinping seja conduzido a um terceiro mandato de cinco anos.

Em resposta à fala de Tsai, o Ministério de Relações Exteriores da China disse que a tensão no estreito de Taiwan é causada pela "teimosa busca de independência" por parte de Taipé. "[Taiwan] não tem um presidente e não é um país independente", afirmou a porta-voz do órgão, Mao Ning.

Pequim se comprometeu a trabalhar pela reunificação pacífica com Taiwan sob o modelo "um país, dois sistemas" —semelhante ao que, em tese, vigora sobre Hong Kong desde que a ex-colônia britânica foi devolvida ao domínio chinês— e rechaça as ambições separatistas da ilha.

O regime de Xi se recusa a negociar diretamente com Tsai —reeleita por uma vitória ampla em 2020 com a promessa de enfrentar Pequim—, tendo a presidente como uma separatista. A líder, por sua vez, já ofereceu janelas de diálogos, embora faça do fortalecimento das defesas de Taiwan uma pedra angular de seu governo. Sua ideia é permitir uma dissuasão mais confiável em relação à China.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.