Jornalista morre durante protesto contra prisão de jornalista no Haiti

Mergulhado em crises, país vê quarto ataque a profissionais da imprensa nos últimos dias

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Porto Príncipe | AFP

Um jornalista haitiano foi morto neste domingo (30) em Porto Príncipe ao ser atingido na cabeça por uma bomba de gás lacrimogêneo enquanto protestava para exigir a libertação de um de seus colegas detidos pela polícia, disse uma fonte médica à agência de notícias AFP.

Este é o quarto episódio de violência contra profissionais da imprensa nos últimos dias no país, que enfrenta manifestações marcadas por violência e saques há semanas.

Jornalistas pedem ajuda para socorrer o colega Romelo Vilsaint, caído no chão, em Porto Príncipe - Richard Pierrin -30.out.22/AFP

Romelo Vilsaint havia se reunido com outros colegas da imprensa do lado de fora da delegacia da capital para pedir a libertação do jornalista Robest Dimanche, que havia sido preso pouco antes, quando foi atingido.

Vilsaint passou alguns minutos na sala de emergência antes de morrer, disse o informante à agência AFP, acrescentando que várias horas transcorreram até que o jornalista fosse levado ao hospital em situação crítica.

"A polícia usou mal o gás lacrimogêneo", afirmou Raynald Petit-Frere, presidente do Coletivo Haitiano de Mídia Digital, do qual o profissional era membro. "Também vi um policial usando fuzil. Ouvi tiros e depois vi o jornalista deitado em sangue."

A morte de Vilsaint ocorre uma semana após a descoberta do corpo de Garry Tess, um radialista do sul do Haiti, e da tentativa de assassinato de Roberson Alphonse, repórter investigativo do jornal Le Nouvelliste. Em seus textos e programas de rádio, Alphonse aborda temas como política nacional, crime e policiamento, além das condições de segurança no país.

Agressores não identificados atiraram no carro de Alphonse enquanto ele dirigia por Porto Príncipe a caminho do trabalho na estação de rádio Magik9. O ataque, que deixou pelo menos dez buracos de bala no seu carro, feriu o jornalista nos dois braços, mas ele conseguiu dirigir até um hospital onde recebeu tratamento.

A Unesco condenou o ataque a Alphonse e exigiu que fosse iniciada uma investigação sobre o crime de Tess.

Nas últimas semanas, o Haiti tem sido palco de protestos violentos. O gatilho foi uma decisão do governo de acabar com os subsídios para gasolina, diesel e querosene, aumentando os preços em cerca de 50%. Em resposta, uma gangue bloqueou o porto de Varreux, principal porta de entrada dos produtos importados do país.

A falta de combustível provocou caos no transporte e forçou comércios e hospitais a interromper atividades. A tomada do porto também levou à escassez de água engarrafada no momento em que o país vive um novo surto de cólera, controlada com a intensificação de medidas de higiene.

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