Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

ONU rejeita proposta da Rússia de voto secreto em discussão sobre Guerra da Ucrânia

Na Assembleia-Geral, Moscou alega que pressão do Ocidente dificulta países a expressar suas opiniões acerca do conflito

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Nova York | Reuters e AFP

A Assembleia-Geral da ONU barrou, nesta segunda-feira (10), a proposta da Rússia de tornar secretas as votações referentes a resoluções sobre a Guerra da Ucrânia. Ainda nesta semana, os membros das Nações Unidas deverão se posicionar sobre um texto que condena a recente anexação de quatro regiões ucranianas por Moscou.

Na discussão desta segunda, 107 países votaram contra os russos e 13 a favor —outros 39 se abstiveram. A composição é semelhante a de votações anteriores sobre o assunto, debatidas entre março e abril.

O Brasil, desta vez, votou com a maioria. No final de setembro, o país se absteve de condenar as anexações durante reunião do Conselho de Segurança.

Embaixador russo na ONU, VasilI Nebenzia, participa de votação do Conselho de Segurança sobre a anexação de quatro regiões ucranianas por parte da Rússia
Embaixador russo na ONU, VasilIi Nebenzia, participa de votação do Conselho de Segurança sobre a anexação de quatro regiões ucranianas por parte da Rússia - Spencer Platt - 30.set.22/Getty Images/AFP

A resolução a ser votada nesta semana critica os referendos feitos pela Rússia nas províncias ucranianas e o que chama de "tentativa de anexação ilegal" por parte de Moscou. Também pede para que nenhum Estado reconheça as anexações e exige a retirada imediata das tropas russas da Ucrânia. Segundo a agência de notícias Reuters, a votação deve ocorrer na quarta (12).

A delegação de Moscou argumentou que uma votação secreta seria necessária devido ao que chamou de lobby ocidental. Segundo os representantes do Kremlin, o movimento associado aos Estados Unidos e à Europa "torna muito difícil que as posições sejam expressas publicamente".

A Rússia também afirmou que as resoluções não estão ligadas à defesa do direito internacional. "Eles [países ocidentais] buscam seus próprios objetivos geopolíticos", escreveu o embaixador russo na ONU, Vasili Nebenzia.

À agência AFP um membro da delegação americana, por sua vez, disse que a proposta do Kremlin sugere desespero. Votações secretas na Assembleia-Geral são raras e, geralmente, acontecem apenas para as eleições dos membros do Conselho de Segurança.

Antes da decisão, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, pressionou a comunidade internacional a votar contra a Rússia. "Agora é a hora de falar em apoio à Ucrânia; não é hora de abstenções, palavras apaziguadoras ou equívocos sob alegações de neutralidade. Os princípios fundamentais da Carta da ONU estão em jogo", disse, em comunicado.

Palavras semelhantes foram ditas pelo embaixador da União Europeia no órgão. Segundo Olof Skoog, a falta de ação da Assembleia-Geral daria "carta branca para outros países fazerem o mesmo ou reconhecer o que a Rússia fez".

Ainda nesta segunda, a ONU criticou o bombardeio de forças russas contra várias cidades ucranianas, inclusive Kiev –ações semelhantes não aconteciam há meses. Os ataques são uma resposta do Kremlin aos recentes avanços dos ucranianos no leste e no sul do país e à explosão de uma ponte na Crimeia, região anexada pela Rússia ainda em 2014, no sábado (8).

Por meio de seu porta-voz, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, denunciou "uma nova escalada inaceitável da guerra", na qual os civis "estão pagando o preço mais alto".

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