Tailândia reforça combate a drogas e controle de armas após ataque a creche

Autor do crime que deixou 24 crianças mortas era ex-policial afastado por posse de metanfetamina

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Bancoc | Reuters

O primeiro-ministro da Tailândia, Prayuth Chan-Ocha, determinou nesta segunda-feira (10) que as forças de segurança endureçam as leis relacionadas a posse de armas e acirrem a repressão ao uso e tráfico de drogas após o massacre que deixou o país em choque na semana passada.

Um total de 37 pessoas morreram, incluindo 24 crianças de dois a cinco anos —a maioria a facadas—, assassinadas por um ex-policial que invadiu uma creche na cidade de Uthai Sawan, 500 quilômetros a nordeste de Bancoc, capital do país.

O episódio, que terminou com o agressor matando a própria esposa e o filho de quatro anos antes de se suicidar, é um dos piores ataques solo envolvendo crianças da história recente.

Pessoas homenageiam vítimas de massacre em creche em Uthai Sawan, na Tailândia, no templo Wat Rat Samakee - Athit Perawongmetha - 10.out.22/Reuters

Em nota, o governo afirmou que Chan-Ocha instruiu as forças de segurança a investigar e testar autoridades para verificar o uso de drogas ilícitas e a reforçar tratamentos para vício em entorpecentes. O autor do crime havia sido afastado da corporação por posse de metanfetamina no ano passado.

A Tailândia é parte do chamado do Triângulo Dourado do Sudeste Asiático, que inclui ainda Mianmar e Laos e é um centro notório de tráfico e produção de drogas desde o início do século passado. A metanfetamina, em especial, tem sido um problema no norte da Tailândia desde os anos 1990 e, a despeito dos esforços das autoridades e de agências internacionais, o tráfico continua forte na região.

Dados da ONU indicam que a quantidade de pastilhas de metanfetamina confiscadas no leste e no Sudeste Asiático no ano passado excedeu 1 bilhão.

O primeiro-ministro também anunciou uma série de ações relacionadas a posse de armas de fogo. Ele determinou, por exemplo, a revogação das licenças de indivíduos que tenham histórico de comportamento ameaçador e um combate ainda mais intenso ao contrabando e ao uso ilegal de armamentos.

O governo planeja ainda confiscar armas de policiais e agentes de segurança que tenham feito mau uso de armas de fogo ou que tenham demonstrado comportamento agressivo em serviço.

Exames de saúde mental regulares também serão exigidos daqueles que já têm ou desejam obter licenças de porte de armas, segundo afirmou o general da polícia Damrongsak Kittprapas à imprensa.

A Tailândia é um dos países com o maior número de armas em circulação do mundo, e autoridades há muito se preocupam com o potencial de violência armada. Um estudo da Gun Policy, organização sem fins lucrativos baseada na Universidade de Sydney, aponta que em 2017 havia 15 armas para cada cem cidadãos do país. É bem menos do que nos EUA —onde, naquele mesmo ano, a proporção era de 120 armas para cada cem cidadãos—, mas um índice superior ao da maioria das nações da Ásia.

O país também tem uma das maiores taxas de homicídios causados por armas no continente e o maior mercado para contrabando de armas de fogo do Sudeste Asiático, seguido por Camboja e Vietnã. Especialistas dizem que muitas das armas ilegais vêm de países vizinhos.

Mesmo assim, ataques como o da semana passada são raros —ainda que, nos últimos anos, tenham acontecido dois casos semelhantes por parte de homens ligados às Forças Armadas. No mês passado, um sargento matou dois colegas em um tiroteio em um centro de treinamento militar em Bancoc. Dois anos antes, um soldado matou 29 pessoas e feriu outras 57 ao se desentender com um superior durante a venda de um imóvel.

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