Trump levou mais de uma semana para falar em vitória de Biden nos EUA; relembre

Aliado do líder republicano, Bolsonaro ainda não comentou derrota para Lula no pleito brasileiro

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São Paulo

Quase dois anos atrás, no começo de novembro de 2020, os Estados Unidos viveram dias de expectativa até que o perdedor da eleição presidencial reconhecesse o resultado e desse início ao processo de transição para o opositor que ficou à frente nas urnas.

Na ocasião, foram necessários 16 dias entre a vitória de Joe Biden e o começo oficial da transição de governo, à época ocupado por Donald Trump.

O prazo, contudo, foi marcado por um longo silêncio até o republicano reconhecer a vitória do democrata —Trump levou mais de uma semana para, deixando claro o contragosto, escrever dois posts em seu Twitter, um em certa medida admitindo a derrota e outro voltando atrás.

Então presidente dos EUA, Donald Trump, deixa a Casa Branca, em Washington, pouco mais de um mês de perder as eleições para Joe Biden
Então presidente dos EUA, Donald Trump, deixa a Casa Branca, em Washington, pouco mais de um mês de perder as eleições para Joe Biden - Andrew Caballero-Reynolds -12.dez.20/AFP

O cenário guarda certa semelhança com o silêncio de Jair Bolsonaro (PL) sobre a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições deste domingo (30). Aliado de Trump, o brasileiro ainda não fez qualquer manifestação pública admitindo a derrota.

Em 7 de novembro de 2020, quando o resultado da eleição americana foi anunciado, Trump foi jogar golfe na comunidade de Sterling, a cerca de 30 minutos de Washington. Enquanto os americanos estavam ansiosos para saber o vencedor do pleito, o republicano parecia querer fingir que era só um homem de 74 anos, recuperado da Covid-19, vestindo um boné "Make America Great Again" e praticando seu esporte favorito.

Durante a partida, a Pensilvânia atualizou os números da votação e chancelou a vitória de Joe Biden. Os advogados de Trump rapidamente se pronunciaram e prometeram continuar a enxurrada de ações judiciais para tentar reverter os resultados, principalmente os do estado —onde, segundo eles, mais de 600 mil cédulas haviam sido fraudadas, o que nunca se comprovou. O republicano ficou calado.

Nos dias seguintes, Biden repudiou a ação e chamou a recusa de Trump de vergonha.

Em 15 novembro de 2020, o então presidente americano disse que Biden "ganhou porque a eleição foi fraudada", sem citar o nome do rival, para uma hora depois voltar atrás e afirmar que "não reconhecia nada" e que o democrata só era considerado vencedor pela "imprensa de fake news".

Da família Bolsonaro, as únicas manifestações públicas até a publicação deste texto foram de Michelle, mulher do presidente —que fez um post com um salmo da Bíblia em seu Instagram, sem mencionar as eleições— e do senador Flávio, filho mais velho do político, que em rede social falou em erguer a cabeça e "não desistir do Brasil".

Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, ainda sem reconhecer a vitória de Lula - Gabriela Biló -31.out.22/Folhapress

Nos EUA, a transição formal de governo começou depois de Trump ter bloqueado por mais de duas semanas o acesso da equipe de Biden a informações e recursos para a troca de poder. Mesmo quando finalmente cedeu, o republicano disse que ia seguir contestando os resultados das eleições, que ele argumentava sem provas —como o faz até hoje— terem sido fraudadas.

Biden teve mais de dois meses entre o começo oficial da transição e sua posse, em 20 de janeiro de 2021.

No Brasil, o gabinete de Bolsonaro não adotou, de forma coordenada, preparativos prévios para um cenário de mudança de governo, segundo interlocutores ouvidos pela Folha. O assunto de uma eventual transição era considerado um tabu nos bastidores.

Ainda não está claro quanto tempo Lula terá para preparar o terreno para sua posse, marcada para 1º de janeiro.

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