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Biden encerra ano difícil em clima positivo e busca fôlego para tentar reeleição em 2024

Notícias sobre economia, agenda legislativa e diplomacia melhoram índice de popularidade de democrata

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James Politi
Washington | Financial Times

O presidente Joe Biden estava em clima de comemoração quando saiu para o gramado sul da Casa Branca, exibindo seus óculos aviador, sua marca registrada. Naquela manhã, os últimos dados da inflação mensal tinham mostrado aumentos de preços mais lentos do que o esperado na economia dos EUA.

Horas depois, ao som de "True Colors", de Cyndi Lauper, cercado por congressistas de ambos os partidos que aplaudiam, assinou uma legislação bipartidária que protege o casamento entre pessoas do mesmo sexo. "Foi um longo caminho, mas conseguimos. E vamos continuar o trabalho adiante, prometo a vocês."

A cerimônia ao ar livre em 13 de dezembro culminou um ano notavelmente positivo para Biden, incluindo um desempenho melhor que o esperado dos democratas nas eleições de meio de mandato, a libertação de Brittney Griner, estrela americana de basquete detida na Rússia, e o anúncio de um investimento multibilionário na fabricação de semicondutores no estado politicamente oscilante do Arizona.

O presidente dos EUA, Joe Biden, ergue taça de espumante para brindar com o francês Emmanuel Macron em jantar de gala na Casa Branca - Evelyn Hockstein - 1º.dez.22/Reuters

O que poderia ter sido um ano devastador para ele —incluindo ter de lidar com a guerra da Rússia na Ucrânia, a inflação persistentemente alta, brigas internas entre os democratas e o que muitos temiam que fosse uma surra nas midterms— está terminando com uma nota boa para a Casa Branca.

Isso colocou Biden, que completou 80 anos no mês passado, numa posição melhor para decidir se tentará a reeleição em 2024. Um anúncio sobre seu futuro político é esperado para o início do próximo ano, e seus sucessos recentes calaram algumas vozes democratas que pediam que ele desistisse devido à idade.

"A produtividade de seu governo em parceria com o Congresso é inegável no contexto de uma narrativa nacional que é uma versão de 'que tudo vá para o inferno'", diz a democrata Tina Smith, senadora de Minnesota. Ela acrescenta que esperaria que qualquer presidente com o histórico de realizações de Biden tentasse outro mandato —e que nesse caso o apoiará. "Ele liderou o partido e lutou por questões que estão muito mais alinhadas com os eleitores de centro do que o Partido Republicano está", afirma Joel Benenson, pesquisador democrata que trabalhou para o ex-presidente Barack Obama.

Os índices de aprovação de Biden melhoraram nos últimos meses, embora continuem abaixo da linha mediana. De acordo com a média de pesquisa do Realclearpolitics.com, 52% dos americanos desaprovam seu desempenho como presidente, enquanto 43% aprovam. A diferença de 9 pontos é muito menor do que no ponto mais baixo, em julho, mas continuará uma preocupação para a Casa Branca e os democratas.

"Não há um grande clamor do público americano por esse líder em particular, há um clamor pela normalidade que ele trouxe, até certo ponto", afirma Jeffrey Engel, fundador e diretor do Centro de História Presidencial da Universidade Metodista do Sul, no Texas. Algumas das notícias mais animadoras para Biden nos últimos meses vieram na frente econômica. Além da desaceleração do índice de preços ao consumidor, o crescimento do emprego continua sólido, abafando temores de que uma recessão desencadeada pelo arrocho monetário agressivo do Federal Reserve esteja próxima.

Em suas últimas projeções econômicas, os diretores do Fed previram maior desemprego, maior inflação e maiores taxas de juros em 2023. Mas eles ainda esperam que a economia americana continue crescendo, embora num ritmo lento, de 0,5%, e acelere novamente em 2024. "As notícias econômicas positivas nos mostram que estamos no caminho certo e que as decisões políticas foram corretas", diz Smith.

Na política externa, Biden concluiu o ano recebendo uma visita de Estado do líder francês, Emmanuel Macron —um símbolo da união ocidental que ajudou a forjar contra Vladimir Putin. Embora isso tenha tido pouco impacto político interno, ajudou a consolidar a confiança em sua equipe de segurança nacional após a desastrosa retirada de tropas do Afeganistão em seu primeiro ano no cargo.

"Biden cresceu na Guerra Fria, à sombra de Harry Truman e de algumas das conquistas que ajudaram a manter a paz durante anos —ele superou dificuldades e se manteve firme, mesmo após certa hesitação no início", diz o historiador Alvin Felzenberg, ex-membro da comissão do governo que investigou os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. "Ele trabalhou muito para restaurar a confiança dos aliados."

Ao avaliar a decisão sobre 2024, Biden quer evitar dois precedentes. O primeiro é um desafio interno nas primárias que provocaria divisões e colocaria em risco suas chances nas eleições gerais —como as que ajudaram a condenar Gerald Ford em 1976, Jimmy Carter em 1980 e George H.W. Bush em 1992.

Mas se Biden decidir se afastar, desejará fazê-lo com antecedência suficiente para permitir que potenciais sucessores democratas montem campanhas bem-sucedidas, ao contrário do anúncio tardio de Lyndon Johnson em 1968, que abriu caminho para o republicano Richard Nixon ganhar a Casa Branca.

Depois de um ano em que Biden desarmou e confundiu críticos dentro e fora de seu partido, entretanto, a crença na Casa Branca é que o presidente está com as melhores cartas políticas que teve em meses.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves 

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