Chefe da UE aumenta coro contra protecionismo dos EUA e ataca 'distorções' de plano climático

Ursula von der Leyen defende mais diálogo com Casa Branca para discutir 'aspectos preocupantes' de lei

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Bruxelas | AFP

Três dias depois de Emmanuel Macron criticar medidas econômicas dos EUA, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ecoou o líder francês neste domingo (4) e afirmou que a União Europeia deve traçar estratégias para enfrentar o que chamou de "distorções" econômicas criadas por Washington.

Nesta semana, durante encontro com o homólogo americano, Joe Biden, em Washington, Macron criticou os subsídios incluídos pela Casa Branca na chamada Lei de Redução da Inflação, batismo eufemístico para acelerar a aprovação de um pacote ambiental de US$ 430 bilhões. Segundo o francês, os incentivos garantidos pelo texto são agressivos para empresas do país europeu.

A presidente da Comissão Europeia,  Ursula von der Leyen, durante pronuciamento na Moldova
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante pronuciamento na Moldova - Bogdan Tudor - 10.nov.22/AFP

Em sintonia com Macron, Ursula von der Leyen criticou o protecionismo americano e defendeu, sem entrar em detalhes, a implementação de medidas na Europa com o objetivo de reequilibrar os setores em que a Lei de Redução da Inflação "cria distorções". Ela disse ser necessária a abertura de novos canais de diálogo dos países europeus com a Casa Branca para discutir "aspectos preocupantes" da lei.

"A competição é boa, mas essa competição deve respeitar um campo de jogo nivelado", disse Von der Leyen, em pronunciamento na cidade de Bruges, na Bélgica. É incerto como a legislação americana pode afetar o mercado europeu. Entre outras áreas, Biden quer impulsionar o setor de veículos elétricos para promover empregos no setor industrial, a transição energética e a concorrência tecnológica com a China.

Líderes da UE dizem que o plano representa uma ameaça aos empregos europeus, em especial nas áreas de energia e automobilística. A lei prevê, por exemplo, uma dedução fiscal para a compra de um carro elétrico fabricado nos EUA, medida que a UE considera contrária às regras do comércio internacional.

Segundo Von der Leyen, o bloco precisa ajustar suas regras para facilitar o investimento público na transição energética, além de reavaliar a necessidade de mais financiamento durante esse processo. "Precisamos fazer nosso dever de casa e, ao mesmo tempo, trabalhar com os EUA para mitigar as desvantagens", disse, acrescentando que uma guerra comercial não é "interessante para nenhum país".

Na quarta, ao rebater as críticas feitas por Macron, Biden afirmou que a criação de empregos nos EUA não acontece "às custas da Europa" e que países europeus devem traçar estratégias de "forma mais rápida" para que tenham a mesma ambição industrial de Washington. Apesar das divergências, Biden e Macron procuraram mostrar sintonia no encontro. Eles anunciaram a formação de uma força-tarefa com a UE para lidar com disputas comerciais relacionadas à energia limpa. E Biden não descartou a possibilidade de ajustes nas políticas econômicas, dizendo que elas não tiveram a intenção de excluir os europeus.

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