Descrição de chapéu China Coronavírus

China pode ter mais de 5.000 mortes diárias por Covid, diz estudo independente

Projeção da consultoria Airfinity contraria cifras divulgadas pelo regime, que mudou forma de contagem de óbitos

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Pequim | Reuters

Projeção da empresa de análise e consultoria em biotecnologia Airfinity, sediada no Reino Unido, sugeriu nesta quinta-feira (22) que o número diário de mortes em decorrência da Covid na China, que enfrenta pico de casos da doença, pode chegar a 5.000.

A cifra difere —e muito— dos números apresentados por autoridades de saúde do regime chinês e quase equivale à soma de todos os óbitos por coronavírus que o país diz ter acumulado desde o início da crise sanitária, há três anos: 5.241.

Funcionários e pacientes com Covid em hospital de Xangai, na China - Aly Song - 22.dez.22/Reuters

A Airfinity explicou ter usado uma análise baseada em dados regionais chineses para projetar os números, que também sugerem que o volume diário de novas infecções supera 1 milhão, enquanto as cifras oficiais relatam somente 2.966 novos casos na última quarta (21), por exemplo.

Segundo o regime, esta quarta-feira foi o segundo dia seguido sem registros de mortes por Covid no país. Ainda assim, relatos de funcionários de funerárias apontam que a demanda por seus serviços aumentou de forma acentuada desde a semana passada.

A China mudou recentemente sua definição de mortes por Covid, o que levou à queda no registro de óbitos. Segundo explicou um membro da Comissão Nacional de Saúde (CNS), somente casos de pessoas que morreram de insuficiência respiratória ou pneumonia após receber diagnóstico positivo para o vírus entrariam na conta.

Assim, aqueles que foram considerados mortos por outras condições, embora estivessem com coronavírus, não são mais contabilizados no número oficial de mortes por Covid do país.

O setor de saúde chinês não respondeu a um pedido de esclarecimento feito pela agência Reuters após a divulgação da projeção da Airfinity.

Ainda na quarta, Mike Ryan, chefe de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), afirmou que os dados reportados pela China podem estar aquém da realidade. "Eu não gostaria de dizer que a China não está nos contando o que está acontecendo. Vou dizer que eles estão atrasados", disse ele.

Nos veículos estatais chineses, como o Global Times, prevalece o discurso de que os mecanismos implementados pelo regime fazem do novo surto de Covid algo "altamente controlável".

"Desde que a China otimizou sua resposta à Covid, alguns meios de comunicação do ocidente têm se empenhado em divulgar o 'aumento' de mortes e casos graves", diz texto publicado pelo jornal nesta quinta. "No entanto, estatísticas divulgadas pelas autoridades refutam esses relatórios e mostram que a situação epidêmica na China é controlável."

Ainda de acordo com as projeções da Airfinity, de 1,3 milhão a 2,1 milhões de pessoas podem morrer durante o atual surto de Covid no gigante asiático. Estima-se que o número diário de novos casos possa ter picos de 3,7 milhões em meados de janeiro e 4,2 milhões em março.

Atualmente, os principais focos de preocupação são a capital do país, Pequim, e a província de Guangdong, no sul, diz a empresa.

O regime chinês, comandado por Xi Jinping, relaxou medidas de restrição para conter a Covid, desmantelando sua controversa política de Covid zero, após uma série incomum de protestos tomar conta do país em novembro. O país interrompeu campanhas de testes em massa nas ruas e reduziu as áreas sujeitas a lockdowns.

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