Descrição de chapéu China

Ilhas Fiji terão novo líder pela primeira vez em 16 anos após eleições conturbadas

No poder desde 2006, premiê Frank Bainimarama perde pleito e opositor Sitiveni Rabuka costura coalizão e assume posto

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Petrópolis (RJ)

As Ilhas Fiji terão um novo líder pela primeira vez em mais de 15 anos. Após as eleições gerais da semana passada acabarem em empate, Sitiveni Rabuka, chefe do partido de oposição Aliança pelo Povo, costurou uma coalizão e assumiu o governo da nação do Pacífico —tirando do poder o premiê Frank Bainimarama, que havia chegado ao posto por meio de um golpe de Estado em 2006 e legitimado seu governo ao sair vitorioso de dois pleitos democráticos realizados subsequentemente.

O líder do partido Aliança do Povo, Sitiveni Rabuka, fala em encontro com a imprensa em que anunciou ter formado um governo de coalizão e que assumirá o posto de primeiro-ministro de Fiji - Saeed Khan/AFP

Conhecida pelas paisagens deslumbrantes, Fiji tem um histórico de levantes militares, e só voltou a se tornar uma democracia parlamentar em 2013, quando uma mudança na Constituição extinguiu o antigo sistema eleitoral baseado em raças. Rabuka liderou duas dessas insurreições, ambas em 1987: a deposição do então primeiro-ministro eleito, Timoci Baviera; e a abolição da monarquia, que fez com que o país deixasse de ser chefiado pela rainha Elizabeth 2ª e se tornasse uma república.

As eleições deste ano foram marcadas pela instabilidade. O governo de Bainimarama, acusado de crescente autoritarismo, baniu propagandas políticas de qualquer tipo dois dias antes do pleito para não influenciar a população, ação rotulada como censura por organizações de direitos civis. A contagem de votos foi alvo de ataques por parte de Rabuka, que alegou suspeita de fraude e pediu uma intervenção militar —que o Exército descartou, afirmando confiar no processo eleitoral. Por fim, a votação acabou em empate, o que levou os candidatos a passar dois dias negociando apoios no Congresso.

Nesta segunda-feira (20), Rabuka anunciou que o impasse foi resolvido com a adesão do Sodelpa (Partido Social-Democrático Liberal, na sigla em inglês) ao seu governo. Com três cadeiras no Parlamento, ele faz com que a coalizão —que inclui ainda o Partido da Federação Nacional— tenha 29 assentos, enquanto o Primeiro Partido, do ex-premiê Bainimarama, tem 26 cadeiras.

Sitiveni Rabuka, líder do partido Aliança pelo Povo que assume o cargo de primeiro-ministro de Fiji, posa com os chefes dos partidos que participação da coalizão governista: Biman Prasad (à dir.), do Partido de Federação Nacional, e Anare Jalu (à esq.), do Sodelpa (Partido Social-Democrático Liberal) - Saeed Khan/AFP

Rabuka agradeceu à população em um encontro com a imprensa transmitido ao vivo. "Eles votaram pela mudança, e daremos isso a eles", disse ele, que chegou a ocupar o cargo de primeiro-ministro entre 1992 e 1999, eleito democraticamente. Bainimarama não fez nenhuma aparição pública desde as eleições.

Apesar de ter menos de 1 milhão de habitantes, Fiji desempenha um papel central na região do Pacífico, servindo como um hub de transportes e comércio e atuando como uma liderança regional em meio aos avanços da China de aumentar sua influência sobre a área. O tema, aliás, marca um ponto de disputa entre Bainimarama e Rabuka —enquanto este estreitou relações com Pequim ao longo de sua gestão, aquele defende menos proximidade com o gigante asiático.

Em maio deste ano, a China fracassou ao tentar consolidar um amplo acordo de segurança com as ilhas do Pacífico. A proposta envolvia aumentar a presença chinesa na segurança local, com uma maior cooperação no setor policial e no combate ao crime transnacional —algo semelhante ao que foi firmado com as Ilhas Salomão—, e esboçar uma área de livre comércio.

Países do Ocidente, em especial os Estados Unidos, opõem-se à influência de Pequim na região. O Departamento de Estado americano chegou a dizer para países do Pacífico Sul que desconfiassem do que chamou de "acordos obscuros e vagos, com pouca transparência".

Com Reuters

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